terça-feira, 21 de julho de 2009

Curiosidade e o Mal em Agostinho

Se parar para pensar e analisar a vida na sua totalidade, verá que ela é movida pela curiosidade. O ser humano em sua consciência e inconsciência busca algo que lhe dê sentido. Usa e abusa de sua curiosidade e muitas vezes não sabe por que busca e nem sabe o que busca. Agostinho em seu livro Confissões, trabalha o tema da curiosidade, de como ela pode ser utilizada de maneira errada. A questão que o filósofo coloca é que há uma “vã curiosidade” que se disfarça de conhecimento e ciência, todavia, não passa de uma paixão de conhecer tudo. Note que há uma diferença entre conhecer tudo e conhecer o todo. Não é possível conhecer tudo, em todas as suas peculiaridades. Contudo, é perfeitamente possível conhecer o todo, possuir uma visão geral do mundo. A critica agostiniana precisa ser entendida a partir de sua metodologia de conhecer. É um caminho que parte daquilo que é exterior (realidade) para o interior (coração no sentido de intimidade) e que visa o superior (Deus). A curiosidade sadia passa pela intimidade, pelo desejo de se conhecer melhor. Agostinho irá explicar que o mal entrará no mundo por essa “vã curiosidade”. O mal irá ser encarado como uma privação do ser, pois Deus criou tudo o que é bom e Nele não há mal e nem há a criação do mal por parte Dele.Esta questão será esclarecida pela graça. A graça ensina o homem a aprender a vontade de Deus e as suas ações de uma maneira interna, dentro de sua intimidade.Se por um lado, o pecado original foi herdado pelos homens de uma maneira interna, pela “vã curiosidade”, a graça também agirá de maneira interna pela intimidade. Cuide de sua curiosidade, procure saber o porquê de sua busca e boa estadia no mundo com as pessoas de seu tempo!

Re-significar o amor pela gratuidade

O amor para ser realmente o que ele é, precisa exteriorizar-se a partir dos atos. Em um mundo que "ama muito tudo isso", não sabe o que é amor, não sentiu esse amor e diz que ama mesmo assim e também não sabe dizer o que é tudo, então não é sincero, pois a sabedoria da Sagrada Escritura nos ensina que só se ama aquilo que se conhece. A "semântica do amor" está tão desgastada que por qualquer coisa se diz que ama, esquece o verdadeiro significado do amor: a gratuidade. Dar-se, sabendo que nem sempre haverá retorno para este amor. Então vem a pergunta, por que amar? Porque o coração humano foi feito para amar e ser amado, porém muitas vezes pode acontecer de amar sem receber retorno, e pode acontecer de ser amado sem querer amar. Outra questão provocativa: Diante disso, ainda vale a pena amar? Parece que diante das tentações capitalistas, somos sempre tentados em querer descobrir utilidade, compensações no amor. Só vale a pena amar se o amor estiver significado na gratuidade, senão será tudo, todavia, não será amor.Re-significar o amor pela gratuidade, faça a tua parte, e o amor não será mero verbo, mas práxis salvadora!

A ditadura do relativismo

Na missa "Pró-Elegendo Pontífice" celebrada na Basílica de São Pedro no Vaticano, o cardeal Joseph Ratzinger, atual papa Bento XVI, denunciou a ditadura do relativismo com precisão e lucidez. Uma precisa e triste constatação.Os valores tradicionais cristãos, que foram passados anos a fio de geração a geração se encontram como que ridicularizados na sociedade atual.O frívolo, a trivialidade adquirem status de virtudes absolutas, enquanto os valores indicados pela Igreja adquirem o status de um mau a ser eliminado a qualquer custo.Talvez aqui está uma chave de leitura possível para entendermos a expressão do papa: a crise da sociedade contemporânea necessariamente é uma crise de valores e da moral.A família está sendo reduzida ao aspecto jurídico-social em detrimento da benção do matrimônio dada pela Igreja. Sendo a família a célula-mater da sociedade e se ela está mal, logo a sociedade também está mal. Não é a toa que neste tempo tanto se fala de stress, depressão e solidão. A eficácia profissional está acima da ética moral e profissional, o trabalhador que se entrega de corpo e alma ao seu ofício, nem sempre é recompensado devidamente por seu esforço honesto. As pessoas estão como que em um envoltório virtual, msn, orkut e mesmo próximas uma das outras, não se rendem ao encontro real e pessoal. Em pleno século XXI a ciência gaba-se em ter colocado o homem na lua, de realizar pesquisas com células-troncos embrionárias, porém com muito recursos disponíveis , a tecnologia não apontou uma saída razoável para a fome, a desnutrição, os impactos ambientais e outras mazelas do capitalismo e do socialismo. São estes e outros produtos da pós-modernidade: era dos excessos, da intolerância, do neo-paganismo, do niilismo (do latim nihil: nada), da desumanidade e sociedades onipotentes e vazias de Deus. Como dar uma resposta à altura em meio a tal relativismo reinante? Penso que tudo começa com nossa identidade de cristãos, coerência com os valores que carregamos e a práxis é o que mais anda faltando em todos os segmentos da sociedade contemporânea, e não menos com nós cristãos. E uma sociedade não pode ser coerente se rejeita os valores que a moldaram.