Sou amigo da sabedoria. Mas sábio, ainda não sou. Onde a sabedoria vai, eu vou atrás. Ela é maior do que eu. É misteriosa. Seus frutos são doces. É gota de orvalho na terra seca da alma. Ela vai ao encontro, porque se deixa encontrar àqueles que a procuram, mas não perde um só momento a capacidade de fascínio, de beleza. Sua beleza é fascinante, mas não efêmera, fugaz. É sedutora, mas não alicia. É misteriosa, mas todos podem apreciar. Traz encanto, mas não faz prisioneiros. Seu brilho cintila no tempo, se oferece aos homens. Mas nem todos estão dispostos para acolhê-la. A sabedoria é o avesso da utilidade. Está absorta na significação. No exercício da arte, a persigo. A tentação de buscar a palavra. A frase de efeito. Defeito que se põe contra mim. Logo noto que não é uma técnica. Não é conhecimento teórico. É a vida em movimento. É inteligência que me mostra horizontes, ângulos que ainda não pude enxergar. Planto as madrugadas para colher manhãs mais felizes. Ofereço os frutos ao tempo. Oferto o que sou ao crepúsculo da tarde. Sim, o tempo é minha cabana na história. Choro minhas dores mal resolvidas. Lágrimas que não voltam. A água que deu curso de uma história, de uma vida, e que agora, estão presente em meu rosto. Choro pelas presenças que se ausentam do tempo. Persigo a fé quando tenho somente motivos para não tê-la. Ávido pelas respostas, quando a pergunta, eu já nem me lembro mais. Sedento pelo milagre, quando me esqueci daquilo que foi pedido. Encontro o que de mim é só fragmento. Imerso na finitude irreversível. Nesse humano território, eu posso ser inteiro. Jogo minhas melhores sementes em campos onde os melhores lavradores não pensaram em jogar, muito menos cultivar. Ah, te procuro, sabedoria ! Te procurei nas enciclopédias. E não te localizei. Te procurei nos mais doutos. Me disseram que já tinha partido. Te procurei nas máximas filosóficas. Só encontrei a rastros de ti na solidão do caminho. Sentei à beira do caminho. Misto de nostalgia e saudade de não sei o quê. Sentimento sem nome. Um prato, um copo. Uma fome, uma sede.
sábado, 17 de dezembro de 2011
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
Natal como renovação da potencialidade humana
“'Preparai no deserto o caminho do Senhor, aplainai na solidão a estrada de nosso Deus. Nivelem-se todos os vales, rebaixem-se todos os montes e colinas; endireite-se o que é torto e alisem-se as asperezas: a glória do Senhor então se manifestará, e todos os homens verão juntamente o que a boca do Senhor falou' ”(Isaias 40). Um desafio, quando nos deparamos o que foi feito do Natal. Uma época que se fala muito do papai noel. Uma data extremamente comercial. Um tempo onde reina o consumismo. Um período de confraternização. Um espaço de tempo para fazer o que não foi feito durante o ano. O protagonista do Natal anda muito esquecido no nosso meio. Faz lembrar que também quando nasceu, não foi recebido por multidões. Veio para todos, mas muitos não o receberam, e continuam não acolhendo. O coração precisa acolher o Deus que vem, Aquele que nunca esteve ausente do coração dos homens. Foram os homens que expulsaram Deus de seus corações. Fabricaram deuses como o consumismo, o individualismo. Em Jesus, a humanidade e a divindade se tocam, se abraçam. A história nunca mais foi a mesma depois que Ele adentrou no tempo cronológico. Mas para Ele entrar no tempo do coração, é preciso uma resposta individual, responsabilidade intransferível, que não pode ser delegada ou negociada. O Natal tem uma conotação escatológica. Deus virá definitivamente ao fim da nossa jornada terrestre. O advento nos ajuda a preparar o coração, a colocar toda nossa atenção, durante toda a nossa vida, à Aquele que não passa. Vigiar significa colocar a atenção, estar de prontidão. O fundamento da fé tem origem imaterial e assume forma na encarnação do Verbo. É a solenidade do Sol maior que se hospedou para sempre no coração da humanidade. Mas espera por uma adesão madura, serena de cada um de nós. O “Preparai o caminho do Senhor” corresponde ao trabalho humano de toda a hora para ser melhor, transformando as realidades negativas em sinal de vida. A começar pelas pequenas coisas, as mesmas que insistimos em ignorar, por acharmos que alguém poderia fazer. Não conseguimos isso sem a graça divina e ela vem ao nosso encontro. Ao nosso favor, temos dons, habilidades para fazer acontecer. E o Verbo se fez carne e habitou entre nós! Não é um fato histórico perdido no tempo e no espaço. É vida continua, renovação perpétua, vida atualizada no nosso tempo. É água cristalina que brota da mais pura fonte. É preciso a cumplicidade humana de encontrar o Deus, já que Ele veio encontrar e curar os homens feridos, cansados. Desceu do céu para ter um coração humano e mostrar até que ponto pode chegar o coração humano no sentido de amar. Por isso que o Natal é a renovação das nossas possibilidades e potencialidades como seres humanos. Seja plenamente feliz ! Você tem tudo potencialmente dentro de ti ! Feliz Natal !
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