terça-feira, 15 de setembro de 2009
O labirinto do cartão de crédito
É fato consumado: o cartão de crédito se consolidou o meio hodierno de consumo. Substituiu o cheque, substitui temporariamente os apertos sazonais financeiros (ou quase sempre). Numa sociedade com fortes traços de hedonismo, consumismo e necessidades irreais, é um prato cheio para quem gosta de gastar, de consumir, de se deixar levar pela propaganda da TV, da Internet. Antes fossem necessidades necessárias, a produção gira em torno de necessidades efêmeras. É moda ser efêmero, dá status, promove uma pseudo-dignidade que engana uma multidão de incautos. Vivemos em uma crise de qualidade porque há excedentes de quantidades que precisam ser enfiados guela a baixo do povo. E o povo recorre ao cartão de crédito, de facilidade e praticidades inegáveis. Mas fique tranqüilo... o banco paga para você hoje o que você pagará mais caro para ele amanhã. E quando todo o limite for utilizado, o que fazer? É triste ser controlado pelo limite do cartão de crédito, quando as rédeas deveriam vir da própria razão humana. Nesse cenário, o inanimado ganha vida e cores reais e doma o indivíduo. Uma nova revolução copernicana acontece: o objeto se presentifica na realidade e domina o sujeito. O sujeito vira objeto e o objeto se transforma em sujeito, numa virada ontológica jamais vista. Mas nem sempre a razão tem razão, ela é irrazão quando não conduzida de uma forma sensata. Ela não é nem boa e nem má em si mesma. Depende sempre do seu sujeito... ou seria do seu objeto?
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