sexta-feira, 2 de outubro de 2009
Embate educacional entre Estado e Família: uma Utopia para a contemporaneidade
Cada vez mais tenho percebido que a educação das pessoas tem desaparecido. Você que pega ônibus ou metrô todo o dia, sente na pele isso que estou relatando. Se a disputa para ficar sentado é grande, nem se fala então a disputa por espaços mínimos para poder ficar de pé, ou então para se segurar. Já vi de tudo: empurrões, pontapés, cotoveladas, grandes guerras por espaços curtíssimos. Fica latente perceber a subjetividade exarcebada. A pressa tomou de súbito a gentileza e a subjetividade exarcebada raptou o encontro dos olhares. Não há espaços nem para quem poderia ter a primazia sobre ele, como idosos, gestantes e pessoas especiais. Tudo em nome do Eu, tudo em nome de mim, e tudo vai ficando assim. O que vale é o bem-estar privado em detrimento do bem-estar coletivo. Cada qual olhando para o seu próprio umbigo. Esquecemos a nossa humanidade em um universo muito distante, a bilhões de anos-luz daqui. Lançando um olhar sobre a psicologia contemporânea, constataremos que nenhum ser humano é incoerente, ele é fruto histórico, rede bem encadeada de acontecimentos marcantes. Age de acordo com sua história tecida em sua existência. Fico pensando a trama que há entre o processo educativo em que fomos formados e a realidade em que vivemos. Me questiono sobre as possíveis falhas educacionais da família. É absurdo atribuir ao estado a função de educar, uma vez que a educação é primazia da família. Leve-se em consideração que a célula-mater da sociedade está se decompondo, homens e mulheres que possuem filhos, mas renunciaram a vocação da paternidade e da maternidade. A subjetividade levada até suas últimas consequências, tão em voga, massacra o indivíduo e a própria família. Se o estado não dá conta (seja por vias do inviável, seja por desinteresse) de dar cobertura à aquilo que é de sua competência, como por exemplo, transporte público quallitativo e quantitativo, muito menos devemos esperar milagres no plano educacional do ser humano. Estamos diante de um fenômeno que tomou proporções avassaladoras no nosso tempo. Não sou homem de respostas rápidas e prontas, quero entender, quero aprender, para me posicionar e agir, sem ilusões. Mas isso não me impede de pensar que devemos procurar novos areópagos da educação, da gentileza e da gratuidade. Uma dose de utopia, que em grego, quer dizer um não-lugar, um ideal, um lugar que não possua a condição empírica, não faz mal para um mundo puramente instrumental.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário