quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
Deu Pena, Deu Pena Branca!
Tive a graça e o privilégio de conhecer pessoalmente o querido Pena Branca. Conheci nos bastidores do Canal do Boi em 2002, na oportunidade que tive de me apresentar pelo programa Show Brasil. Típico mineiro, fala pouco, observa e escuta bastante. Tivemos tempo para conversar sobre a música sertaneja, sobre as composições e a carreira brilhante dele e de seu irmão Xavantinho. Algumas horas de conversa me levaram a concluir que o sucesso e a fama nunca fizeram a cabeça de Pena Branca e Xavantinho. É que sua simplicidade, sua ingenuidade caipira nunca permitiram. Fiel à sua raiz e tradição permaneceu até o fim. Demonstrou a todos que é possível fazer boa música, sem deixar de primar por uma mensagem que seja clara, distinta e bela. Mostrou que sucesso é bem diferente do que estar na midia. Contribuiu muito com a cultura mineira, brasileira, a música sertaneja raiz em geral. Deixou rastros luminosos de honestidade, humildade, retidão e de amor ao que fazia, pois sabia do papel social que o artista exerce na sociedade brasileira. Uma cena que nunca mais eu esquecerei foi quando ele me emprestou sua viola para tocar, para o espanto de seu empresário que me disse que ele não costumava emprestar essa viola para ninguém e que eu tinha sido o primeiro. Naquela época, ainda não tocava viola, peguei-a para apreciar mais de perto. Talvez fosse uma pequena semente que Pena Branca jogara em meu coração, sem eu ao menos saber disso. Fiquei sabendo que na ocasião de quando ganhou o Grammy, ele, na sua inocência, perguntou do que se tratava. Só se tratava do maior reconhecimento mundial na carreira de um artista. Já o tinha como um modelo de ser humano e de artista, agora ainda mais, apesar de agora olhar para o palco e ver o microfone e a viola encostada sem ninguém. Sem som da viola pontilhada, sem o som de sua voz que cantava as belezas desta terra. A vida tem dessas coisas. Muitas vezes nos perguntamos porque pessoas boas como Pena Branca se vão, sem sequer uma despedida. Mas de que adiantaria uma despedida, se meu peito arderia de dor do mesmo jeito? Talvez seja para nos ensinar a viver com intensidade, como se fosse as últimas horas da vida, para fazer o que mais gosta com competência e amor, pois isto é consequência de uma profunda realização existencial como ser humano. Convoco a todos que se interessam pela boa música buscarem mais o conhecimento sobre a vida e obra dessa dupla maravilhosa: Pena Branca & Xavantinho. A verdadeira arte nunca morre com seu artista, pode passar seu autor, pode passar quem a concebeu. Ela continua, desde aquela pessoa que canta despretensiosamente sua canção, até aqueles que fazem do cantar a sua profissão. Deus agora não somente tem anjos cantando; tem a dupla completa: Pena Branca & Xavantinho que no céu cantam as belezas desta terra. Deu Pena...Deu Pena Branca!
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