sábado, 6 de fevereiro de 2010

Máscaras, identidade perdida e a afirmação da subjetividade

Estamos diante da era das máscaras. Quanto mais máscara melhor. Esconde-se o rosto e desnuda-se o corpo. O importante é segredar a verdadeira identidade e cair na folia, sem compromisso ou responsabilidade. Os povos mais primitivos da velha mãe Terra já se utilizavam deste artefato para se comunicarem com suas divindades. O que há em comum na comparação dos primórdios da humanidade e a atualidade é a ocultação da identidade. Os povos antigos escondiam sua verdadeira identidade por trás da mascara para se conformarem, de certa maneira, com a natureza. Os foliões ocultam sua verdadeira identidade para que possam se divertir sem maiores preocupações com quem seja, a não ser consigo mesmo e com o seu ego. Mas aparece um paradoxo: a identidade é amordaçada para dar vazão ao próprio ego. A ocultação da identidade passa a ser, de certa forma, uma afirmação radical da subjetividade exacerbada. Com a identidade ocultada, pode-se mostrar mais o corpo, pois passado o momento efervescente, quase ninguém mais se lembrará. Ardem-se de desejos uns pelos outros não por quererem bem ao outro, mas somente pelo corpo. Somente restarão as cinzas dos humanos que poderiam ser inteiros, plenos e realizados, mas que hoje são somente pó, são vagantes de lugar nenhum. Nietzsche dizia assim das mulheres: “Há mulheres que, por mais que as pesquisemos, não têm interior, são puras máscaras. É digno de pena o homem que se envolve com estes seres quase espectrais, inevitavelmente insatisfatórios, mas precisamente eles são capazes de despertar da maneira mais intensa o desejo do homem: ele procura a sua alma - e continua procurando para sempre.” Por isso, quando chegar à quarta-feira de cinzas, que você não chegue só o pó, chegue pessoa com um horizonte concreto de ser ainda mais gente. Tenha coragem de tirar as máscaras e olhar para você sem temer. Nesse momento, não haverá segredos entre sua identidade e você! Encontre-se!

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