No universo grego, amizade equivalia mais a uma solidariedade política do que relação afetuosa entre pessoas. Para Cícero, a amizade reúne em si mesma uma abundância de bens; para onde for, você a encontra; em parte nenhuma ela é excluída, jamais é inoportuna, nunca é incômoda, de maneira que não nos servimos tanto da água, nem do fogo, quanto da amizade. Cícero enumera 12 regras básicas para a amizade, que foram concebidas no contexto de desavenças civis que impunham opções existências. São elas:
1-) A amizade é um fato natural
2-) A amizade pode existir somente entre sábios-virtuosos
3-) A amizade é superior ao parentesco
4-) A amizade é gerada (e preservada) pela virtude
5-) A amizade ilumina e alegra o futuro
6-) A amizade não é fundada nem no prazer nem na utilidade, mas no amor
7-) Aos amigos não é permitido pedir favores contra a moral
8-) Com os amigos deve haver “comunhão de cada coisa, de pensamentos e de vontades, sem qualquer restrição”
9-) Ao fazer amizade é preciso prestar muita atenção de modo que “não comecemos a amar alguém que um dia talvez cheguemos a odiar”
10-) Mas, se por qualquer infeliz e inevitável motivo, fosse preciso desfazer as amizades, então devem ser dissolvidas “soltando pouco a pouco as relações.”
11-) A amizade se funda na verdade, por isso, entre amigos são de dever admoestações e repreensões
12-) A força da amizade “consiste nisso, fazer com que muitas almas se tornem quase uma alma”.