quinta-feira, 15 de julho de 2010

O prazo de validade das relações contratuais humanas

Sou um ser em constante busca. Na busca me encontro, me conheço, me reconheço, na busca também me perco e desisto. Insisto com coisas, circunstâncias, pessoas, amigos, desisto de coisas, momentos e pessoas. Ora insisto comigo, outrora me demito. Contrato-me novamente. Assim também faço com as pessoas: busco, encontro, conheço, aprofundo, amo, odeio, fico perto, fico longe, sinto saudade, sinto sufoco, sinto alegria, sinto tristeza, choro não sei de quê e nem por que. Demito pessoas, contrato indivíduos. Minhas relações mais parecem contratos com prazo de validade a vencer. Renovo se me convém, descarto se não posso tirar mais nada dali. Vivo avaliando quem me interessa, até mesmo quem não me convém. Estabeleço tábuas de valores para coisas e pessoas a partir daquilo que elas podem me oferecer e acrescentar. Até digo que isso é ter princípios, que é ter berço, que é ter educação. Digo até mesmo que as religiões ensinaram isso. É a famosa lei de Gerson que preconiza que de tudo é preciso tirar vantagem. O prazo de validade das relações perdura de acordo com as possibilidades de cada qual. Todos nós somos culpados, até mesmo quem vos escreve. Em tempo de Brunos, de Macarrões, Bolas, Elizas, é tempo de repensar as relações que queremos para nós. Amigos gratuitos ou úteis... Namoros de fins estéticos ou de corpo, alma e coração... Casamentos fabricados com pensões já previamente determinadas ou daqueles que uma vida ainda é pouco para serem felizes e viverem tudo o que é intenso nessa vida. Relações como estas estão na ponta da caneta, mas longe do coração!

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