Não tenho pressa de escrever. Não tenho pressa de doer, de passar pelas dores da palavra nascente da solidão silenciosa. O conteúdo daquilo que escrevo vem da vida, e o material que ela me fornece é infinito. Mas sempre quero o fim e não o processo. Chego ao fim, mas nem um pouco parecido com aquilo que idealizei. Chego a conclusão de que fui mais feliz no desenvolvimento da rota do que propriamente em sua finalidade e chegada. Ignoro, então, a finalidade da estrada? Tolice. Digo que há um sentimento próprio no preparativo, que não há na chegada, e vice-versa. Trago romantismos que merecem serem expurgados com o impacto da vida real, outros levo para que essa vida não seja tão pesada quanto parece ser. Palavra nasce na dor, nasce no parto, vicejante de silêncio. Meu argumento é a vida e é isso que o torna imbatível e irrefutável. Nada mais urgente do que viver para poder conviver, existir para poder coexistir. Preciso de você para conviver e preciso de você para coexistir, mesmo na diferença. A única pressa que urge é a de não ter pressa, para vivenciar, saborear a boa compania, o bom livro, a boa música, a boa arte. O silêncio gesta palavras e canções, inebria corações sedentos de amor. Que eu nunca me omita de falar sobre o humano e suas contradições, seus amores e suas dores, seus dilemas e certezas, sua fé e sua descrença.
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