A palavra já teve valor muito maior no passado do que na atualidade. Não havia a necessidade de contratos, reconhecimento de firmas, o que era dito, era cumprido, era questão de honra. Palavra dada era a própria confiança encarnada. Hoje, a palavra antes de ser dita, já vem encerrada com seu respectivo prazo de validade. O que digo hoje, não cumpro amanhã. Mas também não sigo a risca, depende do momento, da pessoa, das possibilidades, das conveniências. A palavra na boca dos pós-modernos nasce agonizante. Mas não morre prontamente para demonstrar que é meia verdade. Que se junte todas as meias verdades e saberão que não completarão a verdade inteira. A verdade omitida é a gênese da mentira. Jogo com o outro batalha naval, armo estratégias, invento armadilhas, passo maquiagem na ferida para soar estético. De uma fala doce, de um rosto angelical pode ser destilada a mentira bem mais contada que os homens puderam ouvir. Hoje, a dignidade da palavra está pra lá de comprometida, está condenada. Minha palavra já se transformou em ação para salvar o nexo causa-efeito da palavra. Quem sabe, eu possa cumprir muito mais do que prometi, quem sabe possa fazer com que a minha ação seja mais significativa do que as minhas palavras, fazendo com que elas recuperem a antiga credibilidade de outras épocas. A surpresa irá se instaurar quando conseguir dizer mais com atos do que palavras o que pensei em dizer em palavras. Recupera-se o valor da atitude, devolvendo a preciosidade e limpidez da palavra proferida.
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