terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Para o ano novo, uma pessoa nova

Ano que se vai. Ano que se vem. Tantas coisas que nos absorveram. Tantas coisas perdidas. Por um lado, encanto perdido, pelo outro, surpresa inesperada. Quantas lágrimas com motivos e sem motivos derramadas. Briguei, reconciliei, guerreei, construi pontes de amizade e esperança. Fui humano como sempre e na busca do eterno como nunca. Sinto que morro aos poucos quando passo pelo tempo. Mas faço parar o tempo, quando estou com meus amigos, quando componho uma canção, quando escrevo alguns versos para aliviar minha existência. Estou no tempo e pela contemplação saio dele para contemplá-lo e vejo que o que não muda é o seu eterno gesto de mudar. Dias nascem, dias morrem, tardes se desvelam e se escondem com grande sedução. Queria ter a sabedoria do tempo de saber mudar de saber morrer para depois viver. Mas me prendo a um medo comum que todos os mortais possuem: o de passar pela experiência da morte. Morte é esvaziar as gavetas com coisas e papeladas inúteis e sem sentido que por muito tempo você carregou em sua mochila de viagem. Morte é ter o conhecimento que o inimigo número 1 de você é você mesmo. Vida é deslumbrar o horizonte de superar-se para além da superação, para além daquilo que te dizem ou até mesmo sobre o que pensas de ti mesmo. O tempo desliza sobre minhas mãos. Já não posso interferir no que passou. O amanhã ainda é um mistério. Tenho somente o hoje. Hoje pode ser o dia que a eternidade resolveu habitar ao seu lado. É só viver e não somente ensaiar de viver ou apenas existir. Ano novo só é novo se tenho a capacidade de ser novo tanto quanto ele é. Acompanho o tempo, mas não deixo de pensar um só instante na eternidade. Sou peregrino do tempo, a história é a minha tenda que me abrigo quando penso além do tempo.

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