Deus e os meus pais. Criador e cocriadores. Deus me quis por meio dos meus pais, Rogério e Gina.
Da rua Waldemar Martins, das bolinhas de gudes, das pipas, dos piões, dos esconde-escondes, do futebol, das brigas, das irmandades, das calçadas cheias de gente conversando e que não tinha tempo e nem hora pra acabar. Minha infância teve cheiro de bairro, do Parque Peruche.
Do alto de um muro da minha casa eu aprendi a contemplar o pôr-do-sol, depois de ter empinado uma pipa. Pôr-do-sol, de uma linda tarde do Parque Peruche, como um espaço da epifania divina e das possibilidades humanas.
Dos primeiros ritmos, da Aquarela de Toquinho que logo cedo me ensinou que o futuro é uma astronave que tentamos pilotar, que não tem tempo e nem piedade, nem tem hora de chegar. De Maria, Maria, de Milton Nascimento, essa criança ouviu que quem traz na pele essa marca, possui a estranha mania de ter fé na vida.
Dos primeiros amores, das primeiras dores, dos primeiros sins, dos primeiros nãos, da alegria de andar de bicicleta depois de alguns bons tombos, dos primeiros acordes que me colocaram no processo humanizante.
Dos amigos com quem vivi e convivi. Muitos casaram, tiveram filhos, outros não, outros solteiros, outros viúvos e de outros não se sabe o paradeiro.
De outras mães, vós, pais, vôs , irmãos que tive. De Dona Irene, Seu Sérgio, Seu Jader, Dona Ana, Priscila, Ronald, Pamela e Tânia.
Se findou ao chegar a adolescência, e eu, apressado na chegada da vida adulta. E do alto da vida adulta, forjo esses versos nas lágrimas e memórias, fruto das vivências de outrora, da minha infância, com saudade de regressar. Cheiros, afetos, pessoas, risos, cores, doces, chuva, terra, aniversários.
Dissolvida na adolescência, amalgamada na juventude e que por alheiamento emerge na vida adulta, persistirá na minha velhice e me fará ser criança ao entardecer da vida que amanhecerá!
Eis um texto eternamente inacabado, no qual nunca terei a competência de fechá-lo! As vivências são mais fortes do que as memórias. As memórias mais fortes do que as palavras.
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