O tema desse trecho é a confiança
diante da perseguição. O versículo 13 começa com a seguinte indagação: Quem
poderá fazer mal se fores constante no bem? Muitas vezes o mal nos acomete pois
não somos perseverantes na prática do bem. Acabamos por permitir situações de
brechas para a ação do mal em nós. Pedro, em seguida, trata que sois felizes,
bem-aventurados, aqueles que bem aventuram suas vidas quando sofrerem pela
justiça. Ele alerta para que não temais, pois se isso ocorrer, é sinal de um
trabalho bem executado, feito com esmero. É sinal que a mensagem de Cristo está
chegando a quem precisa chegar e isso nem sempre é bem visto por alguns. O
apóstolo exorta adorar Cristo Jesus e que estejam sempre atentos para responder
a quem indagar sobre a razão de sua esperança. Há sempre alguém que te observa,
ainda que não o estejas vendo. Há sempre alguém que ao notar sua conduta e
procedimento, pode querer saber um pouco mais, te perguntar o motivo de agir
dessa maneira. A resposta nem sempre é simples, pois passa pela constante
formação humana, espiritual, afetiva, social, psicológica. Passa pelo grau de
interesse em querer saber sempre mais, de se formar sempre. De buscar leituras
espirituais, culturais, sociais. O grau de interesse também passa por buscar
por si mesmo e nem sempre esperar por algum estímulo externo. Isso requer
maturidade e autonomia. Não é fácil explicar o mistério da fé. Há razões que só
a fé pode entender. Isso não significa abdicar de continuar a buscar, aprender
com o mistério. O maravilhar-se com o mistério nos impulsiona a continuar a
buscar as razões de nossa esperança e comunica-las a quem quer que seja. O
apóstolo fornece uma pista. Ao responder à quem te indaga sobre a razão de sua
esperança, responda sempre brandamente, com mansidão e boa consciência.
Responda sobre aquilo que você vive. Nem sempre acertas em tudo, mas nem sempre
erras em tudo. Nesse sentido, os perseguidores ao verem a sua conduta em
Cristo, ficarão confundidos. É melhor passar pelo crivo do sofrimento fazendo o
bem do que fazendo o mal. O exemplo foi dado por Jesus, ao trilhar sua paixão,
morrendo por nossos pecados. Um justo pelos injustos. Um inocente pelos
acusados. Cristo passou pela lógica do “bode expiatório”, concepção que vem de
longe, de quem alguém precisa pagar com a própria vida o mal que se acomete no
mundo. Cristo é Cordeiro Expiatório que tira o pecado do mundo. Sua oferta
gratuita, sua livre entrega nos indica um estilo de vida entre os homens de
hoje e de sempre. Para que fôssemos reconduzidos a Deus. Todos nós, para que
uma vez mortos na carne, fôssemos vivificados no Espírito.
quarta-feira, 27 de maio de 2020
sábado, 23 de maio de 2020
Análise do texto At 17, 15.22-18,1
O trecho trata da estadia de
Paulo, Silas e Timóteo em Atenas. Paulo vai ao areópago, espaço dedicado ao
encontro de notáveis para discutirem as situações de seu tempo. Dirige um
discurso aos cidadãos atenienses. Constata que que eles eram religiosos. Paulo
percorreu toda Atenas e notou diversos monumentos às divindades que eles
cultuavam. E também encontrou um altar cuja inscrição “Ao Deus desconhecido”. Ali
percebeu uma brecha, um pretexto para anunciar o Deus de Jesus Cristo. Paulo afirma
que esse Deus desconhecido que era cultuado pelos gregos é o Deus vivo.
Discorre sobre a criação, que Deus criou o mundo, tudo o que existe. E
preconiza que Deus não habita em templos feitos por mãos humanas e nem é
servido por elas. Não precisa de absolutamente nada, pois é Deus, A Vida
doadora de vida. Estabelece uma crítica às divindades e ídolos cultuados por
eles. Também discorre sobre o
espalhamento da raça humana sobre a terra. Há muito tempo, esse Deus foi
procurado às cegas, na escuridão, às apalpadelas, sendo que Ele nunca esteve
longe dos homens. Nele vivemos, movemos e existimos. Imagem e semelhança. Paulo
ainda continua discorrendo que se possuímos uma gênese divina, a divindade não
pode ser pensada em nenhum termo da materialidade, nem mesmo da materialidade
mais preciosa considerada pelos homens, como ouro, rubi, esmeralda. A grande
novidade anunciada era que Deus não levaria em conta os tempos de ignorância.
Contudo, os homens deveriam reconhecer essa ignorância e se arrependerem. Dom
de Deus que se abraça à tarefa humana de cada dia. Até então, o discurso de
Paulo estava sendo bem assimilado pelos gregos. Ao anunciar Jesus e mais especificamente
passar pelo tema da ressurreição foi o problema, pois o tema era indigesto para
os gregos que não acreditavam na ressurreição. Paulo não se alongou e nem
insistiu: se retirou. Aparentemente, o episódio fora um fracasso no anúncio e
no testemunho. O relato nega tal versão, narrando que alguns homens abraçaram a
fé, Dionísio de Areopagita, Damaris entre outros. A narrativa mostra que nem
sempre teremos o tempo todo êxito na caminhada cristã do anúncio e testemunho,
o que contradiz e muito a concepção da vida cristã sempre vitoriosa e próspera.
Mesmo na ausência de resultados positivos e frutos abundantes, se faz necessária
a semeadura. Mas nem sempre há acolhida do anúncio e do testemunho. Paulo compreendeu
isso, e partiu para outra cidade, a cidade de Corinto, onde tivera resultados
mais significativos. O próprio Jesus, outrora, já havia dito que ao entrar em
uma cidade, se não houvesse acolhida no anúncio e testemunho, que se sacudisse
a poeira dos pés em retirada do lugar. Sempre há outros lugares com pessoas
sedentas da palavra de Deus. Tal discurso não é apenas uma literatura escrita
em determinado espaço de tempo; é um relato de coragem e ousadia, que nos
contagia no prosseguimento e caminhada com o Senhor.
sexta-feira, 22 de maio de 2020
Análise do texto 1 Pd 2 4-9
Cheguem mais perto de Deus por
meio de Cristo Jesus. Os homens rejeitaram essa pedra viva. Mas para Deus, essa
pedra viva é escolhida e preciosa. Todos vocês não são menos que isso; são
pedras vivas, massa, tijolo, alicerce que concebem o templo espiritual. Seus
sacrifícios espirituais são apreciados por Deus por meio de Jesus. Todos vocês
têm a capacidade de serem pontes, caminhos que conduzem a Jesus, que conduzem
todos à Deus. O salmista diz que “A pedra que os pedreiros rejeitaram tornou-se
agora a pedra angular.” Isso significa que para quem tem fé, essa pedra viva
que é Jesus é um tesouro precioso, refúgio seguro. Para quem não acredita, torna-se
pedra de tropeço. Ser raça eleita não significa ser uma raça superior às
demais: significa que Deus amou e escolheu a humanidade. Todos vocês são possuem
o sacerdócio régio, pessoas que conduzem as outras para Jesus. São elos de
ligação. Vocês são nação santa, separados no mundo para fazerem a diferença em
unidade, para fazerem história, quando se deixam permear pelas palavras e ações
de Jesus. O testemunho coerente entre palavra e atitude passa pela contínua
integração humana da mente e do corpo. Mens
sana in corpore sano.
quinta-feira, 21 de maio de 2020
Análise do texto Jo 14, 1-6
A nossa reflexão será o
trecho do Evangelho de João, capítulo 14, 1-6. No primeiro versículo, Jesus faz
um pedido aos seus discípulos, que ficassem tranquilos, que não se
desesperassem, pensando demais. Que creiam em Deus e em Jesus. Muitas vezes, as
situações chegam ao limite que os homens não conseguem transpor. A fé exige uma
entrega, uma confiança filial de quem tem intimidade com Deus. Muitas vezes,
caminhamos nessa vida desconhecendo nossa origem e meta última. O tempo que nos
é concedido é uma dádiva e oportunidade para entrarmos em contato com essas
realidades fundamentais da nossa vida. Jesus diz que na casa do Pai, há
diversas moradas, que Ele iria para lá preparar um lugar para cada um de nós. E
que depois de ter ido preparar um lugar para cada um de nós, eis que Ele
voltará e nos levará para onde Ele estiver. Eis que Jesus Cristo, assumiu nossa
condição humana, para nos orientar para Deus. Ele é o próprio reino despojado
da realeza humana. Um rei sem adornos de ouro, rubi, esmeraldas, diamantes,
prata. Passou pela vida reintegrando a quem estava descartado da sociedade e da
religião da época. Ninguém está acima da lei, mas a vida está acima da lei.
Passou pela experiência da dor, do abandono, da solidão e da morte. Transformou
essas experiências de morte em experiências irrigadoras de vida plena. Subiu
aos céus para apresentar ao Pai nossa humanidade sofrida, para um dia, contemplarmos
Àquele que nos amou com amor gratuito e desmedido. Subiu à Deus para que Deus
derramasse seu Espírito Santo para que fosse o nosso guia nas estradas da vida,
para que nos lembrássemos das palavras de Jesus. Até o dia que finalmente
voltará. E Ele continua voltando no tempo, pela palavra de Deus, pelas vidas e
palavras inspiradas dos irmãos, pelo pão e vinho, corpo e sangue de Nosso
Senhor, memória perpétua de sua permanente estadia entre os homens. Jesus disse
aos discípulos que eles saberiam de sua procedência. Todavia, Tomé questiona:
Nem sabemos para onde vais, como podemos saber qual é o caminho?” Daí a resposta lapidar de Jesus: “Eu sou o
Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim”. Manifesta a sua
missão e identidade transcendentes, divinas, explicitadas em três elementos. O
caminho, na qual Jesus é a travessia que liga duas pontas, da nossa humanidade
imperfeita e contraditória à Deus, suma perfeição e coerência. A verdade, Cristo
é a verdade do Pai que não pode ser negociada e nem instrumentalizada, que nos
ensina que a verdade precisa permear nossa conduta de vida, nosso estilo de ser,
viver sem hipocrisia, sem máscaras. A vida, a vida de Jesus, em seus atos e
sinais são um convite a deixarmos as falsas seguranças, zonas de conforto para
sermos semeadores da vida. Fazer o que estiver ao alcance para atualizar Jesus
em nosso tempo e na nossa história. Jesus é nossa travessia para Deus. E em
muitas situações, seremos para quem nos encontrar ou precisar de nós, uma
travessia para Jesus. Madre Tereza de Calcutá, certa vez disse: “Talvez, você
seja o único evangelho que seu irmão lê.” Então, trate de viver bem, de bem
aventurar a vida sendo feliz!
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