domingo, 28 de junho de 2020

Análise do texto de Lc 2, 41-52



O trecho trata sobre o menino Jesus em Jerusalém. Relata-se a ida do menino Jesus e de seus pais, que tinha 12 anos à Jerusalém por ocasião da Páscoa dos judeus. Encerrada a festa, Jesus desapareceu dos olhares de seus pais. Maria e José pensaram que ele poderia estar na comitiva. Refizeram o percurso, o dia inteiro e nada! O buscaram entre parentes e conhecidos e nada! Retornaram à Jerusalém para continuar as buscas pelo menino Jesus. Depois de 3 dias, o encontraram no templo, sentado entre os doutores da lei, ouvindo-os atentamente e também indagando-os. E todos estavam maravilhados por seus ensinamentos e sabedoria. Quais pais e mães não passaram pela experiência do sumiço do seu filho, ainda que fosse por alguns instantes? Se tal ocasião já é motivo para ficar com o “coração na mão” na atualidade, como se diz na linguagem corrente, imagine naquela época, naquele tempo! Toda a apreensão, tensão e medo se dissolvem no encontro com o menino Jesus no templo.  Ao verem Jesus, seus pais ficaram emocionados, como ficariam emocionados todos os pais e mães ao terem encontrado o filho que se perdeu, ainda que fosse por instantes! Nos bastidores, quais pais não dariam uma lição de moral, uma “sova”, diante de tudo o que ocorreu? Por zelo, por cuidado. Imaginem, os pais de Jesus se dirigindo ao menino: “Moleque, onde é que você estava? Nós vasculhamos todo o percurso que fizermos e não te encontramos! Porque você fez isso conosco? Vai levar um tabefe e ficar de castigo!” Jesus, ao ver seus pais, questionou: “Vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu estou cuidando das coisas do meu Pai?” A postura soa muito ousada para a época. Poderia soar como uma desobediência. Tal postura não deixa de ser cômica também. O filho pergunta aos pais se o estavam procurando, quando Jesus tinha sumido ... Na sequência, revela que está cuidando das coisas de Deus, o que revela sua consciência e missão. Os pais nada entenderam das palavras de Jesus. Seus pais o levaram para Nazaré e o relato bíblico revela que Jesus era obediente aos seus pais. Maria guardava com carinho tudo o que se passava na vida de Jesus. Qual mãe que não se recorda do nascimento de seu filho? Qual mãe não se recorda das primeiras palavras de seu filho? Qual mãe não se emociona ao relembrar as primeiras tentativas do andar de seu filho? E quando ele conseguiu se equilibrar? Assim como o coração de toda mãe é uma biblioteca de tudo o que aconteceu com seus filhos, não era diferente com Maria. Do ventre à cruz. Da lágrima do nascimento de Jesus, passando pela lágrima da morte do seu filho e chegando à lágrima da Ressurreição. A mãe conhece o filho como ninguém! Jesus crescia quantitativamente e qualitativamente, em estatura e sabedoria, em graça diante de Deus e dos homens!

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Análise do texto de Mt 11 25-30



O trecho inicia com Jesus, exultando no Espírito, louva o Pai, por ocultar a sabedoria divina dos sábios e entendidos desse mundo e ter entregue aos pequenos. Iniciativa agradável a Deus. Mais uma crítica aos fariseus, religiosos do tempo de Jesus. Deus tudo entregou a Jesus. Para operar a obra de redenção. Só o Pai conhece o Filho. Só o Filho conhece o Pai e a quem Ele quiser revelar. O Filho é um com o Pai e o Espírito Santo. Jesus faz um pedido. Uma chamada. Dirijam-se a mim, todos vocês que estão esgotados, fatigados, desmotivados, cansados e eu darei descanso. Levem a minha carga e aprendam de mim. Tudo o que é assumido, é redimido em Cristo. Cristo reivindica a autoridade de mestre. Sou manso e humilde de coração. Nas bem-aventuranças, encontramos algumas pistas sobre ser manso e ser humilde. Bem-aventurados os mansos porque eles herdarão a terra. Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o reino dos céus. Felizes os serenos, pois a terra serão deles. Felizes os despretensiosos, pois o reino dos céus serão deles. E até mesmo nas atitudes mais radicais descritas na Bíblia, não deixou de ser manso e humilde de coração. Todos vocês encontrarão descanso para suas vidas. Minha carga é suave e meu fardo é leve. Quer dizer que Jesus divide com os homens o peso da viagem. Que Ele partilha com eles de suas dores, sofrimentos, alegrias e conquistas. Se não pudermos descrucificar os crucificados, que aliviemos, na medida do possível, ajudando a carregar seus fardos.

terça-feira, 23 de junho de 2020

Análise do texto de Mt 6, 7-14



O trecho trata sobre a verdadeira oração e o Pai Nosso. Jesus adverte aos seus seguidores que, na oração, não utilizem vãs repetições, tais quais os pagãos utilizavam; esses achavam que seriam atendidos pela quantidade de orações. Cristo adverte para que não sejam como os pagãos. Deus conhece o nosso ser, o nosso interior e sabe mais das nossas necessidades do que nós mesmos. Por muitas vezes, não sabemos como rezar e quando rezamos, nos aproximamos da postura de oração criticada por Jesus, Ele nos ensina o Pai nosso. A primeira parte versa sobre a manifestação do projeto de salvação de Deus entre os homens. A segunda parte trata do que é essencial para a vida humana enquanto viver por aqui, na temporalidade, e conforme o projeto de Deus. As petições do Pai nosso são dignas de maior aprofundamento, pois cada uma delas traz um elemento importante na oração e na vida humana. Contudo, prefiro me deter em duas ênfases: fraternidade e perdão. O início da oração traz: “Pai nosso”. Revela o Único Essencial da vida, de um Deus que não é eterna solidão, mas Eterna Comunhão entre as Pessoas Divinas, Deus Pai, Jesus e o Espírito Santo, que nos chama à sua intimidade de amor e vida. Essa comunhão nos chama, interpela à fraternidade com todas as pessoas. Somos chamados a nos amar como irmãos, assim como Deus ama a cada um de nós. O mesmo Deus, que nos criou, cada qual diferente, com um jeito de ser, com dons próprios, nos convida à irmandade. Somos diferentes, mas há algo que nos liga uns aos outros, ainda mais do que pela modalidade da raça humana: o fato de sermos filhos de Deus. E os filhos de Deus trazem a herança de Deus. Deus é o alimento essencial para a vida humana que precisa ser compartilhado com todos. O sinal concreto dessa herança é a unidade e o amor entre os irmãos, dom e tarefa de cada um de nós, não obstante as divisões causadas ao longo da história. No início da segunda parte traz: “o pão nosso”. Deus, além de se ofertar a cada um de nós como alimento de vida eterna, também provê o sustento da nossa vida nesse chão e nessa terra. Nos oferece os frutos dessa terra. Nos cumula de dons e habilidades para cuidar dessa terra, nos cumula de dons e habilidades para construirmos não apenas bens materiais, coisas úteis para os homens, mas também bens imateriais, como construir a fraternidade entre os homens, fazer acontecer o reino de Deus entre nós, reintegrar à vida social quem foi descartado. Dar pão a quem tem fome. Dar água a quem tem sede. Dar sua vida a quem apenas persiste no tempo. Ser amor que encarna e procura suavizar as cruzes dos outros. E nisso, somos todos iguais. É Ele quem dá as forças necessárias para quem labuta, no trabalho de cada dia. A outra ênfase é a do perdão. Jesus menciona o perdão na petição: “E perdoa-nos as nossas dívidas como também nós perdoamos aos nossos devedores.” E também “Se não perdoardes os homens e seus delitos, vocês também serão perdoados.” e “Se não perdoardes os homens e seus delitos, vocês não serão perdoados.” Todas as petições nos comprometem com Deus e com os irmãos, de maneira especial, essa do perdão. Na oração, nos responsabilizamos em perdoar àqueles que nos machucaram, que nos fizeram algum tipo de mal, pois Deus, que é amor, nos perdoa também. Se quisermos a paz de espírito, imprimir uma qualidade em nossa vida, é inevitável perdoar, é inevitável ser perdoado. E dar o perdão a si é tão importante quanto perdoar os outros e ter o perdão de Deus. O perdão é um exercício diário. Uma vigilância cotidiana. Um banho diário.