terça-feira, 23 de junho de 2020

Análise do texto de Mt 6, 7-14



O trecho trata sobre a verdadeira oração e o Pai Nosso. Jesus adverte aos seus seguidores que, na oração, não utilizem vãs repetições, tais quais os pagãos utilizavam; esses achavam que seriam atendidos pela quantidade de orações. Cristo adverte para que não sejam como os pagãos. Deus conhece o nosso ser, o nosso interior e sabe mais das nossas necessidades do que nós mesmos. Por muitas vezes, não sabemos como rezar e quando rezamos, nos aproximamos da postura de oração criticada por Jesus, Ele nos ensina o Pai nosso. A primeira parte versa sobre a manifestação do projeto de salvação de Deus entre os homens. A segunda parte trata do que é essencial para a vida humana enquanto viver por aqui, na temporalidade, e conforme o projeto de Deus. As petições do Pai nosso são dignas de maior aprofundamento, pois cada uma delas traz um elemento importante na oração e na vida humana. Contudo, prefiro me deter em duas ênfases: fraternidade e perdão. O início da oração traz: “Pai nosso”. Revela o Único Essencial da vida, de um Deus que não é eterna solidão, mas Eterna Comunhão entre as Pessoas Divinas, Deus Pai, Jesus e o Espírito Santo, que nos chama à sua intimidade de amor e vida. Essa comunhão nos chama, interpela à fraternidade com todas as pessoas. Somos chamados a nos amar como irmãos, assim como Deus ama a cada um de nós. O mesmo Deus, que nos criou, cada qual diferente, com um jeito de ser, com dons próprios, nos convida à irmandade. Somos diferentes, mas há algo que nos liga uns aos outros, ainda mais do que pela modalidade da raça humana: o fato de sermos filhos de Deus. E os filhos de Deus trazem a herança de Deus. Deus é o alimento essencial para a vida humana que precisa ser compartilhado com todos. O sinal concreto dessa herança é a unidade e o amor entre os irmãos, dom e tarefa de cada um de nós, não obstante as divisões causadas ao longo da história. No início da segunda parte traz: “o pão nosso”. Deus, além de se ofertar a cada um de nós como alimento de vida eterna, também provê o sustento da nossa vida nesse chão e nessa terra. Nos oferece os frutos dessa terra. Nos cumula de dons e habilidades para cuidar dessa terra, nos cumula de dons e habilidades para construirmos não apenas bens materiais, coisas úteis para os homens, mas também bens imateriais, como construir a fraternidade entre os homens, fazer acontecer o reino de Deus entre nós, reintegrar à vida social quem foi descartado. Dar pão a quem tem fome. Dar água a quem tem sede. Dar sua vida a quem apenas persiste no tempo. Ser amor que encarna e procura suavizar as cruzes dos outros. E nisso, somos todos iguais. É Ele quem dá as forças necessárias para quem labuta, no trabalho de cada dia. A outra ênfase é a do perdão. Jesus menciona o perdão na petição: “E perdoa-nos as nossas dívidas como também nós perdoamos aos nossos devedores.” E também “Se não perdoardes os homens e seus delitos, vocês também serão perdoados.” e “Se não perdoardes os homens e seus delitos, vocês não serão perdoados.” Todas as petições nos comprometem com Deus e com os irmãos, de maneira especial, essa do perdão. Na oração, nos responsabilizamos em perdoar àqueles que nos machucaram, que nos fizeram algum tipo de mal, pois Deus, que é amor, nos perdoa também. Se quisermos a paz de espírito, imprimir uma qualidade em nossa vida, é inevitável perdoar, é inevitável ser perdoado. E dar o perdão a si é tão importante quanto perdoar os outros e ter o perdão de Deus. O perdão é um exercício diário. Uma vigilância cotidiana. Um banho diário.

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