quinta-feira, 22 de abril de 2010
Malandragens, resistências e sabotagens no ambiente empresarial
Na implantação de sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), Sistemas Integrados de Gestão Empresarial é uma integração das áreas de finanças, contabilidade, recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras com ênfase sistêmica: sistema de processamento de transações, sistemas de informações gerenciais, sistemas de apoio a decisão, há questões de diversas naturezas que precisam ser pensadas para que o ERP atinja a máxima performance e eficácia, como por exemplo, infra-estrutura tecnológica, metodologia de desenvolvimento dos trabalhos, ferramentas de suporte ao projeto, estratégia de implantação, entre outros. Porém, um ponto que pode fazer uma grande diferença neste processo são as pessoas que compõem a equipe do projeto. A equipe deve ter em comum o gosto pelo desafio que o projeto representa, a capacidade de dedicação que o trabalho exige, a habilidade de aprender rapidamente coisas novas e complexas que um software de gestão acaba de revelar e a flexibilidade para pensar em soluções diferentes das existentes atualmente na empresa. Mas quem deve participar do projeto? Se fosse possível, todos deveriam participar diretamente, afinal, o sistema em questão é um sistema integrado, portanto de alguma forma, todos serão afetados por essa nova solução. Porém, não é possível que a organização pare suas atividades para poder implementar um novo pacote de gestão empresarial. Além de ter os funcionários envolvidos no processo de implantação ERP, deve-se também trabalhar os medos e receios dessas pessoas, pois grande parte dos mesmos vem da ignorância. Na falta de informações claras sobre as mudanças que estão sendo planejadas, as pessoas criam informações e, em geral, geram as correntes pessimistas. Os esclarecimentos que se fazem necessários devem responder as questões a seguir:
• O que vou ter que mudar em mim mesmo?
• O que se supõe que eu e minha equipe passemos a fazer de modo diferente após a implantação do sistema?
• Como vai ser nosso processo de adaptação? É verdade que algumas pessoas não se adaptam? O que devo fazer para não ser uma delas?
• Considerando tudo o que me ensinaram até hoje em termos de como gerenciar, o que controlar, como me relacionar com as pessoas? O que continua válido e o que deve ser diferente?
• Se o meu trabalho desaparecer, seja porque vai passar a ser feito por pessoas espalhadas pela organização, seja pelo sistema, o que vai ser de mim?
De forma negativa haverá um impacto muito grande sobre os recursos humanos com a implantação do sistema, pois as pessoas terão de se preocupar com o processo como um todo e não apenas com a sua atividade específica. Devido a essa integração, o problema de uma área poderá ficar mais complexo rapidamente em relação aos outros departamentos, afetando assim toda a empresa. Existem casos em que o estereotipo dos funcionários será alterado, uma vez que o funcionário deverá se adaptar as mudanças e ter conhecimentos que nem sempre os atuais funcionários possuem, conhecimentos esses adquiridos através do treinamento e da cultura da multidisciplinar da organização. A empresa deverá escolher por treinar seus profissionais, ou muitas vezes demiti-los.
Esta última opção ganha força pelo fato que a partir da automação, da integração entre os processos, muitas atividades que eram realizadas manualmente ou no sistema anterior não serão mais necessárias. Muitas vezes, pode ocorrer resistência interna à adoção do ERP, originado pela desconfiança de perda de emprego ou até mesmo de poder, já que haverá maior acesso da informação.
Porém, como uma das fortes características do ERP é distribuir a informação, a produtividade pessoal cresce de forma considerável, uma vez que através de poucos clique no mouse pode-se ter acesso às informações de qualquer área da empresa, mesmo que seja de uma filial do outro lado do mundo. Como conseqüência, isto traz mais independência em relação à necessidade de informações vindas de outras partes da organização.
Ainda há uma questão muito importante a ser tratada no que se refere à resistência das próprias lideranças no projeto de implantação do ERP.
Segundo Herman F. Hehn (1999), “Cada pessoa tem em seu repertório de atuações muitas formas de resistir e impedir aquilo que ela não quer que ocorra”.
Após pesquisa realizada desse mesmo autor com várias lideranças de projetos do ERP, têm-se os seguintes argumentos de repulsa:
• Quando eles determinam que seja feito algo com que não concordo, eu cumpro os rituais, faço o que determinam ser minha obrigação, mas não repasso o entusiasmo para minha equipe.
• Não exerço minha liderança, não me manifesto; no fundo, deixo claro para minha equipe que não estou engajado naquele esforço;
• Centralizo a tomada de decisões de forma que nada ande sem a minha presença. E eu sempre que possível, não estou presente.
• Uso a técnica do jogador de Poker: escondo as coisas boas que eu tenho (informações e dados de que eles precisam) e blefo em relação aquilo que não tenho (informações que provam que, o que eles estão tentando implantar falhou em outros lugares).
• Atenho –me às dificuldades; não existe projeto em que você não possa encontrar dificuldades com as quais as pessoas ainda não sabem como lidar. Isso vai gerando insegurança ou, no mínimo, toma tempo e adia a implantação.
• Falto aos os compromissos, não estudo, não me preparo, não me interesso em conhecer o assunto.
• Quando explicam, finjo que não entendi, que o assunto não está claro, que não estão nos dando todas as informações.
• Omito a verdade. Se não me perguntam, não falo nada. Procuro agir sempre de maneira dissimulada pra ninguém perceber que estou escondendo informações.
• Priorizo o que não é prioridade e digo aos outros que, lamentavelmente não deu, mas a culpa não foi minha.
• Arranjo formas de faltar aos compromissos: viagens, chamados inesperados dos clientes, problemas no campo, vale tudo.
• Não considero as propostas impostas. Estabeleço meus próprios objetivos e trabalho neles em silencio.
• Esqueço, “fecho a cara”, mostro–me irritado. Dessa forma as pessoas ficam com medo de falar comigo.
• Articulo nos bastidores, influencio negativamente as pessoas, gero desmotivação e descrença.
As malandragens, resistências e sabotagens ao processo de implantação como se viu não tem limites e acabam por minar os esforços das pessoas determinadas em levar adiante o projeto de reorganização tecnológica da empresa.
É preciso identificar as atitudes que demonstre contrariedade ao projeto e combate – las o mais antes possível, senão o processo caminhará para um possível fracasso. É como disse Herman F. Hehn (1999) no livro Peopleware: Como trabalhar o fator humano nas implementações de sistemas integrados (ERP): “Se as lideranças da implantação de um programa de transformação não souberem perceber e trabalhar as causas desses comportamentos, as probabilidades de sucesso serão significativamente reduzidas”.
terça-feira, 20 de abril de 2010
Resgate filosófico-praxiológico do amor
O universo das relações humanas tem demonstrado uma faceta negra: o ‘amor’ enquanto uma conveniência pessoal: amar o que EU quero, como EU quero, onde EU quero. Na enciclica Deus Caritas Est, Bento XVI, aprofunda o diagnóstico de época de nossa sociedade: a palavra amor foi desfigurada de sua verdadeira conotação. Usa-se e abusa-se dessa palavra. Em Platão, temos a distinção do Amor Eros, Philia e Ágape. Eros é o amor entre um homem e uma mulher, no qual não tem a sua gênese na inteligência e nem na vontade, mas sob certo aspecto se impõe ao ser humano. Ágape é o amor gratuito, desprendido, que se esvazia em prol do outro, é o amor sagrado. Philia é o amor entre amigos, o bem querer o outro, não distante de uma fidelidade mútua e recíproca. No evangelho joanino, a palavra utilizada para a relação entre Jesus e seus discípulos é o Philia. No Novo Testamento, em geral, é utilizada a palavra Ágape. Os autores sagrados quiseram dar um enlevo novo para a palavra Ágape, que é o específico novo da tradição cristã. Todavia, nos escritos bíblicos não se vê a incidência do Eros. A partir desse contexto, Nietzsche levanta a questão de que o cristianismo teria dado veneno a beber ao eros, que, embora não tivesse morrido, daí teria abraçado o impulso para degenerar em vício. Em simples palavras, na alegação nietzchiana, o cristianismo destruiu o Eros. O Eros, desde a Filosofia Antiga, era visto como comunhão com o sagrado. Todavia, desde o aparecimento do monoteísmo (fé em um único Deus), os escritos vétero-testamentários preteriram o Eros como ‘perversão da religiosidade’. Todavia, a fé em um Deus único, denuncia a falsa divinização do Eros, pois as ‘prostitutas sagradas’ que teriam a ‘incumbência’ de levar ao inebriamento divino, não são tratadas como seres humanos, não são tratadas com dignidade. Não são tratadas como ‘deusas’, mas antes como objetos. Esse inebriar não corresponde essa aparência de ligação com o divino, mas antes uma corrosão do homem, relativização do ser humano. Chegamos no ponto da semelhança entre o amor e o divino, uma proposta humilde e exigente, e não um aliciamento apologético, que nunca deve ser deixado levar pelo instinto, pelas nuances irracionais. Não se trata de preterir o Eros, mas antes passar pelo salutar deserto da purificação, do saber canalizar essa força de vida. Essa canalização fornece o devido cuidado e cura o Eros de possíveis deformações.
domingo, 18 de abril de 2010
Humanos: relacionais ou relativos?
Nenhuma relação humana dura se não tiver o mínimo de reciprocidade. Aquele telefonema ainda está por acontecer, enquanto espero por ele. É mera possibilidade. Orgulho de dois, amizade para depois. Quando acaba a reciprocidade numa relação, só resta ser gratuitos, abdicar do orgulho estocado no coração para dar o primeiro passo. Ah, se os dois pensassem dessa maneira. As relações não seriam mera reciprocidade e coleguismo. Teria substância, largura, altura e profundidade. Confesso que já sofri demais com as amizades, ou por idealizar a pessoa demais, colocar altas expectativas, ou pela pessoa simplesmente agir na indiferença. Somos vítimas fatais da nossa própria expectativa. Fazemos as pessoas a nossa imagem e semelhança, e queremos que elas pensem, ajam, vivam como nós. Esses construtos de pessoas são cacos de vidros no embate com o real, quando nos damos conta de que o ideal que formulamos não corresponde o que se vivencia na prática. O que fazer? Se livrar de uma vez das expectativas? Talvez não seja a maneira mais inteligente, se admitirmos que seja impossível viver sem possuir expectativas. Mas, examinando bem as relações humanas, as expectativas poderiam ser um pouco mais baixas. Isso traria como principal vantagem o conhecimento concreto e real da pessoa, sem utopias inocentes e ilusões que enquadram as pessoas ao nosso jeito de ser. Outra vantagem é que abriria espaço para a pessoa ser quem ela é realmente, sem máscaras. Abriria espaço para surpresas boas ou más. Poderíamos até nos decepcionar, mas não tanto assim, a ponto de levar à depressão e dependendo, até a morte. Quantos casos desses não há? Quantos encontros marcaram a minha vida... encontros que me encontrei, encontros que me desencontrei, desencontros que me encontrei, desencontros que me desencontrei. Sou uma intersecção viva de encontros que a vida me proporcionou. Isso me faz ser um ser relacional. Mas quantos ao se apropriarem disso, se transformam de seres relacionais para seres relativos, cuja teleologia é buscar o que a pessoa tem para oferecer e não por ela mesma. Tornam-se banais, medíocres, utilizam os outros somente para seus fins egoístas e convenientes. Seres que potencializa ao máximo o usar o outro como um simples objeto, um copo descartável, que depois do uso, já não presta para mais nada, a não ser o lixo. Nossas relações humanas estão assim há muito tempo. E nós, somos cada vez mais seres relacionais ou seres relativos? Enquanto o ser utilitário perpassa as relações humanas, a modernidade diz: Amém! Até quando?
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Modernidade e Pós-modernidade: Vicissitudes do "Sujeito"
No último dia 26-03-2010, ocorreu o Café Filosófico, mais um evento relevante na vida do Anchietanum, obra mantida pelos padres e irmãos jesuítas para a formação da juventude. Este espaço de reflexão de construção tem por finalidade fornecer subsídios para o espanto e perplexidade diante das situações cotidianas, esta atitude que é, por sinal, o primeiro movimento do autêntico pensamento filosófico, no exercício constante de bem pensar, desenvolver o pensamento crítico, lançando luzes para possíveis soluções que sejam reais e ao alcance de todos. O clima deste encontro foi amistoso e familiar: tinha jovens, pessoas ligadas à Filosofia, Psicologia, e outras áreas, congregações religiosas, casais, família. O tema deste último Café Filosófico girou em torno da temática do sujeito nas linhas de pensamento da modernidade e da pós-modernidade. Os palestrantes começaram por especular como se constitui o sujeito ao longo da História da Filosofia. Na tradição greco-medieval, que tinha a noção de ser, da existência ligada a este sujeito e seu papel da subjetividade passava pela contemplação. Os principais representantes da Filosofia Grega Antiga vistos foram Heráclito, que dizia que tudo está em constante transformação, Parmênides, que dizia que o ser é a base de tudo o que existe, e que o mundo real é aparência e ilusão, Platão, que estabelece uma dicotomia entre mundo das idéias e o mundo das aparências, e Aristóteles que defendia a existência de um primeiro motor que desencadeou a ordem do cosmos e que não se mistura com aquilo que está no mundo. A base deste pensamento passa pela perspectiva da relação causa-efeito. Da Idade Média, a temática principal era Deus como garantia inabalável do conhecimento, seja partindo da Teologia para a Filosofia, seja partindo da Filosofia para a Teologia. Foram abordados os pensamentos de Santo Agostinho, influenciado por Platão, Plotino e Cícero e Santo Tomás de Aquino, influenciado pelos estóicos e pela filosofia de Aristóteles. Chegando à Idade Moderna, ocorre a substituição da arte religiosa pela arte do homem, tendo como idéia de fundo o rompimento com a passividade e a contemplação do sujeito. Há aqui uma verdadeira virada antropocêntrica: Deus deixa de ser a fonte segura do conhecimento e a subjetividade humana passa a assumir esse papel central na constituição do conhecimento. Foram vistos os pensadores como Descartes, que fundamentava o seu pensamento na questão de que o sujeito seria a única coisa na qual não poderíamos duvidar, Berkeley, que afirmava haver uma reciprocidade entre realidade e percepção, Hobbes, que inaugurava a linha de pensamento do estado de natureza, da auto-conservação e do contrato social, Luis XIV, que equipara o homem e o Estado, Kant, que preconizava que a coisa-em-si é inacessível, não podemos saber o que realmente é Deus, a liberdade e a imortalidade. Para ele, o conhecimento passa pelo fenômeno, e ele distinguia o sujeito entre Sujeito imediato (empírico) e Sujeito Transcendental (lógico). No seu texto, “O que é esclarecimento?” ele convida os homens a saírem da menoridade. Para Fitche, não é o homem que precisa de Deus, é Deus quem precisa do homem. E para esse pensamento, ele desenvolve o argumento que há três tipos de sujeito: Eu, Não-eu e o sujeito empírico. Já para Hegel, tudo girava em torno do Espírito Absoluto. Depois desta necessária digressão, os palestrantes adentraram nas questões da modernidade e da pós-modernidade, questões essas que tem como foco a racionalidade e a subjetividade humana, e o questionamento das definições prontas e estabelecidas. Há três grupos ideológicos dominantes: os modernos tardios, que levam com radicalidade o projeto moderno, com a finalidade de aperfeiçoar o pensamento, levando em consideração a autonomia da razão humana, os pós-modernos, que estabelecem uma ruptura com o projeto da modernidade, colocando o sujeito para pensar e inventar-se a si mesmo, e os anti-modernos, que não são adeptos aos modernos e nem aos pós-modernos, mas que buscam garantias seguras em circunstâncias históricas de outras épocas. Michel Foucault, um dos principais representantes do pensamento pós-moderno, via com ares de desconfiança a constituição do sujeito kantiano, e afirmava que a questão não era a desconstrução do sujeito, mas denunciar a pieguice do sujeito transcendental como o “Super-Sujeito”. Habermas, também pós-moderno, e um dos principais filósofos políticos vivo e em atividade, defendia que o princípio unificador do sujeito não é capaz de dar conta da abrangência do sujeito, propondo uma subjetividade situada e dialógica, onde o fundamento do sujeito é a linguagem, o comunicar-se. O pensamento pós-modernos deixa três grandes linhas-mestras para a contemporaneidade refletir: a inclusão, a responsabilidade e o bem comum. Promover a pessoa humana, comprometendo-se com a sua felicidade. A questão sobre a felicidade também é importante em um contexto marcado pelo consumismo exacerbado, um niilismo que “arruína” não somente Deus, mas que joga a subjetividade e dignidade humana na lama, aliado aos extremos individualismos e coletivismos que dispensam maiores apresentações.
sábado, 3 de abril de 2010
Filosofia e Ideologia em Marx
A teoria marxista caracteriza-se por uma estrutura de pensamento multifacetada que inclui a Filosofia, a Política, a Economia, a História, entre várias outras. Pode-se dizer que a estrutura do pensamento marxista está perpassada pelo conceito de materialismo, que significa a produção econômica dos homens.O progresso da história está atrelado ao desenvolvimento dos meios e modos de produção. Quanto mais se desenvolve esses modos e meios de produção, mais a história entra sua plenitude, sua realização. A concepção histórica do pensamento de Marx tem seu ponto culminante em dois livros, a saber: Ideologia Alemã e o Manifesto Comunista. O objeto de pesquisa de Karl Marx baseia-se na estrutura do capitalismo na vida da sociedade, sempre partindo de pressupostos filosóficos como também a pretensão científica de entender objetivamente o capitalismo. Quem lê as obras de Marx em um primeiro momento, pode cair na tentação de dizer que não há uma crítica à estrutura capitalista. Na verdade, é bem o contrário que ocorre. Marx realiza uma análise minuciosa do capitalismo na relação causa-efeito e tece uma crítica imanente, que se trata de uma observação rigorosa dos elementos internos de uma estrutura, para a partir disso fazer uma crítica consistente e não fazer a crítica a partir de idéias, noções do senso comum. O questionamento de Marx é o seguinte: Qual é o mecanismo que o capitalismo se manter tão longo tempo? A resposta vai girar em torno da dominação abstrata mediada por contrato jurídico. A dominação se dá através da compra e venda da força de trabalho que não é imposta pelo capitalista. Logicamente, passa a ser imposta quando firmado o contrato jurídico. Isso se pode dizer é o que mantém o capitalismo com a luta de classes, porém a luta de classes vem bem antes do capitalismo. A novidade que trará o capitalismo é essa dominação abstrata por contrato jurídico que não existia na antiguidade. O que se sabe até então é que o advento do capitalismo está intrinsecamente relacionado ao protestantismo sob as doutrinas da predestinação e teologia da prosperidade material, que promete todos os bens possíveis aqui na terra. Há três perspectivas que Marx se servirá para criticar o capitalismo e ao mesmo tempo adequar seu raciocínio lógico: Critíca da Alienação, Crítica da Ideologia e a Crítica do Fetichismo. A crítica da Alienação coloca relação causa-efeito do capitalismo produz uma alienação social do trabalho. Aqui se encontra resquícios da idéia de Idealismo e concepção de religião como “ópio do povo”. A idéia de Deus seria uma projeção da consciência humana que maximiza seus valores em uma instância maior do que ele.
Para Marx, o proletariado constitui uma entidade universal, pois é a maioria que exige direitos e a burguesia uma entidade particular, pois está a serviço de poucos que detém os meios de produção. A crítica da Ideologia retrata que a Ideologia é o que esconde a realidade, e gera uma ilusão, pois a dominação de classes não se dá por idéias, mas por razões sociais.
Além disso o pensamento de Marx não é uma ideologia, mas uma história do capitalismo onde ele aponta as suas contradições. Assim surge o Socialismo Científico (Foco na sociedade real e como transformá-la) que se distingue do Socialismo Utópico de Adam Smith (Foco na sociedade ideal).
A crítica do Fetichismo revela que a estrutura capitalista tem seu momento de verdade, quando os capitalistas pagam pelo trabalho do operário pela quantidade de horas trabalhadas. Em seguida se torna falsa quando os capitalistas pagam o operário “sem levar em conta” o que ele poderá produzir de excedente, que se trata da mais-valia embolsada por ele.
Em outras palavras, essa aparência em um primeiro momento é verdadeira, porém se revela falsa quando trata-se do excedente do proletariado.
Leve para a vida essa máxima de Marx, que se trata do Telos (do grego: finalidade) da filosofia : “Os filósofos, até aqui interpretaram o mundo, agora basta transformá-lo!”
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