sábado, 3 de abril de 2010

Filosofia e Ideologia em Marx

A teoria marxista caracteriza-se por uma estrutura de pensamento multifacetada que inclui a Filosofia, a Política, a Economia, a História, entre várias outras. Pode-se dizer que a estrutura do pensamento marxista está perpassada pelo conceito de materialismo, que significa a produção econômica dos homens.O progresso da história está atrelado ao desenvolvimento dos meios e modos de produção. Quanto mais se desenvolve esses modos e meios de produção, mais a história entra sua plenitude, sua realização. A concepção histórica do pensamento de Marx tem seu ponto culminante em dois livros, a saber: Ideologia Alemã e o Manifesto Comunista. O objeto de pesquisa de Karl Marx baseia-se na estrutura do capitalismo na vida da sociedade, sempre partindo de pressupostos filosóficos como também a pretensão científica de entender objetivamente o capitalismo. Quem lê as obras de Marx em um primeiro momento, pode cair na tentação de dizer que não há uma crítica à estrutura capitalista. Na verdade, é bem o contrário que ocorre. Marx realiza uma análise minuciosa do capitalismo na relação causa-efeito e tece uma crítica imanente, que se trata de uma observação rigorosa dos elementos internos de uma estrutura, para a partir disso fazer uma crítica consistente e não fazer a crítica a partir de idéias, noções do senso comum. O questionamento de Marx é o seguinte: Qual é o mecanismo que o capitalismo se manter tão longo tempo? A resposta vai girar em torno da dominação abstrata mediada por contrato jurídico. A dominação se dá através da compra e venda da força de trabalho que não é imposta pelo capitalista. Logicamente, passa a ser imposta quando firmado o contrato jurídico. Isso se pode dizer é o que mantém o capitalismo com a luta de classes, porém a luta de classes vem bem antes do capitalismo. A novidade que trará o capitalismo é essa dominação abstrata por contrato jurídico que não existia na antiguidade. O que se sabe até então é que o advento do capitalismo está intrinsecamente relacionado ao protestantismo sob as doutrinas da predestinação e teologia da prosperidade material, que promete todos os bens possíveis aqui na terra. Há três perspectivas que Marx se servirá para criticar o capitalismo e ao mesmo tempo adequar seu raciocínio lógico: Critíca da Alienação, Crítica da Ideologia e a Crítica do Fetichismo. A crítica da Alienação coloca relação causa-efeito do capitalismo produz uma alienação social do trabalho. Aqui se encontra resquícios da idéia de Idealismo e concepção de religião como “ópio do povo”. A idéia de Deus seria uma projeção da consciência humana que maximiza seus valores em uma instância maior do que ele. Para Marx, o proletariado constitui uma entidade universal, pois é a maioria que exige direitos e a burguesia uma entidade particular, pois está a serviço de poucos que detém os meios de produção. A crítica da Ideologia retrata que a Ideologia é o que esconde a realidade, e gera uma ilusão, pois a dominação de classes não se dá por idéias, mas por razões sociais. Além disso o pensamento de Marx não é uma ideologia, mas uma história do capitalismo onde ele aponta as suas contradições. Assim surge o Socialismo Científico (Foco na sociedade real e como transformá-la) que se distingue do Socialismo Utópico de Adam Smith (Foco na sociedade ideal). A crítica do Fetichismo revela que a estrutura capitalista tem seu momento de verdade, quando os capitalistas pagam pelo trabalho do operário pela quantidade de horas trabalhadas. Em seguida se torna falsa quando os capitalistas pagam o operário “sem levar em conta” o que ele poderá produzir de excedente, que se trata da mais-valia embolsada por ele. Em outras palavras, essa aparência em um primeiro momento é verdadeira, porém se revela falsa quando trata-se do excedente do proletariado. Leve para a vida essa máxima de Marx, que se trata do Telos (do grego: finalidade) da filosofia : “Os filósofos, até aqui interpretaram o mundo, agora basta transformá-lo!”

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