segunda-feira, 3 de maio de 2010

Da competição à leveza nas relações

Quando se trata de relações humanas, não se pode muitas coisas objetivar, pois o relacionamento humano não é uma ciência exata. Contudo, se podemos falar em universais na filosofia do relacionamento humano, esses universais, ou seja, características presente em todos os homens e em todas as suas relações, são os seus acertos e seus erros. Penso que é um discurso vazio falar sobre ‘se colocar no lugar do outro’, ou falar sobre compaixão, ou até mesmo sobre amor, se não levarmos em consideração essas duas importantes características. O fato é que ninguém está isento de acertar e de errar em uma relação. Mas se você acertou uma vez e errou uma vez, o que fica mais marcado é a vez que você errou. Isso é uma das consequências da produção em série, mecanizada, que também afeta as relações. Mas até mesmo quando se acerta, parece que não fazemos mais que a obrigação. Igualmente um desdobramento da mecanização que se estende nas relações humanas. O que nos motiva a acertar, apurar e melhorar em uma relação humana? O que nos motiva a errar, a romper, a ficarmos indiferentes em uma relação humana? Se foi sem querer, se não foi por intenção, quando dizemos ou fazemos algo que alguém não assimila bem, é bom que fique claro que a intenção acaba perdendo a sua força, diante do que ocorreu. A ação traiu a intenção. Que atitude tomar? Uma boa conversa, olho no olho, colocando todas as cartas na mesa. Eu disse todas as cartas. Uma coisa fundamental é que não se ignore as diferenças. Que não se coloque panos quentes pensando que se apaga uma situação conflituosa que ainda borbulha. As diferenças existem e são reais. Ao mesmo tempo, que não se absolutize as diferenças, com a pretensão de que só a sua diferença faz a diferença, e o outro tem que engoli-la guela a baixo. A pedra de toque é que as diferenças são que nem quebra-cabeças: com paciência e persistência, achamos o encaixe da nossa diferença com o outro. E que aquilo que é comum, que não seja superficial; foi feito para ser aprofundado, cada vez mais. Usar de transparência, falar o que sente sem que isso fira alguém, e ao mesmo tempo, nos alivie interiormente é um enorme desafio. Falar o que sentimos é mais fácil do que escutar o que os outros sentem. Quem será o primeiro a pedir truco? Alguém dirá: 6, o outro: 9 e o outro: 12. Chegaram ao 12, mas ainda estão no 1 a 1 e todos querendo ganhar. Mas não terão consciência de que é preciso desarmar-se, despir-se do espírito de competição e embriagar-se do espírito de colaboração, de entendimento mútuo, colocando na mesa os acertos e erros e pensar por onde recomeçar e evitar que esses erros aconteçam novamente. O conceito de felicidade anda mesmo deturpado... . Parece que a felicidade deve ser alcançada, mesmo se for preciso pisar nos outros, mesmo que seja apesar dos outros. Olhos nos olhos, e sobre a mesa, conjugamos os verbos acertar e errar, em todos os tempos e modos verbais, descobrimos que isso é mais comum do que imaginamos, para que assim, as relações humanas nos tragam mais leveza, alívio. Assim, é possível falar sobre amor, gratuidade, compaixão, sem ingenuidade ou ilusão, mas com maturidade irrefutável. Alguém ainda vai querer trucar?

Um comentário:

  1. "Empatia" este é o caminho!
    Belo artigo (Psicofilósofo rs) as relações não podem ocorrer do imaginário, por este motivo o nome 'relações'. Elas não acontecem sozinhas precisam do outro para se estabelecerem, não existe melhor forma de tecê-las do que nas relações com o outro!

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