Foi-se o tempo que em nosso meio havia inversão de valores. Isso, que outrora acontecia, já não acontece mais. Estamos no tempo da ausência de valores. No auge do poderio do sujeito, Nietzche propunha uma transvaloração dos valores, onde os valores do sujeito deveriam ser impostos na forma de perspectivas, onde cada qual tinha a sua. O mote dessa tremenda transformação foi outra tremenda transformação: a revolução copernicana, onde o sujeito assumiu o protagonismo na constituição do conhecimento humano. O sujeito que funda a realidade conforme sua conveniência. A realidade do sujeito equivale ao seu arcabouço particular, suas expressões, desejos e projeções acerca da realidade objetiva. Contudo, o individualismo exacerbado, juntamente com o movimento da globalização se auto-traiu: despedaçou o sujeito na ânsia de sujeitar tudo a si. Como bem disse Bento XVI, a globalização nos avizinhou, mas não nos tornou irmãos. Ora, a globalização e o individualismo são produtos da modernidade, que também viabilizou o horror dos campos de concentração, quando essa mesma modernidade é instrumentalizada pelos megalomaníacos. Essa conjuntura nos leva a um cenário de neo-niilismo, com a morte do sujeito que se declarou centro e senhor da realidade e do conhecimento e ruiu no extremismo do eu. O indivíduo, desfigurado de sua subjetividade, se viu arremessado a um conglomerado humano que não faz questão nenhuma de pensar, são inertes, sem esboçar qualquer poder de reação. Em resumo: os valores humanos foram transvalorados em valores individuais, que hoje se tornaram pó da estrada. Efeito: o homem hodierno sofre da ausência de sentido e se tornou presa fácil da efemeridade do relativo, onde o único sentido é não ter sentido.
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