Tal trecho é
precedido por dois relatos significativos. O primeiro relato encontra-se no
mesmo evangelho, capítulo 20, versículos 24 a 28, cuja narrativa central é o
encontro de Tomé com Jesus. Os discípulos testemunham que viram o Senhor, mas
Tomé resiste em acreditar. Passado 8 dias, Jesus manifesta-se, saúda a todos
com a paz, dirige-se a Tomé, e diz para que ele o toque. Tomé vê, toca e crê.
Acredita da transcendência de Jesus. Tomé foi materialista e racional até demais,
mas quem de nós também não seria? Mas, cabe o aviso do Mestre que felizes são
os que não viram, mas creram. O segundo
relato localiza-se no mesmo evangelho, capítulo 20, versículos 30 a 31, cujo
núcleo são os diversos sinais realizados por Jesus que não foram descrito nas
escrituras. O evangelista garante que todas as intervenções e fatos relatados
seriam o suficiente para o despertar da fé e a vida no nome de Jesus. Logo
após, vem o texto em questão, que trata da manifestação de Jesus ressuscitado
aos discípulos no Mar de Tiberíades. Jesus já tinha se manifestado outras vezes
para diversas pessoas. Estavam por ali Simão Pedro, Tomé Dídimo, Natanael,
filhos de Zebedeu e outros dois de seus discípulos. Em um determinado momento,
Pedro resolveu pescar, bateu a saudade da antiga profissão de pescador, fazendo
os outros irem com ele. A liderança de Pedro era algo natural, não imposta ou
fruto de técnicas retóricas, pois era simples com requintes de rudeza. Passaram
toda a noite não tiveram êxito na jornada, para a decepção de Pedro, que era um
pescador nato, profissional. Logo de manhã, Jesus aparece, estava em terra
firme, mas ninguém reparou que era ele. O mesmo pergunta se tinham algum peixe.
Mas os discípulos comentam do fracasso da tentativa da pescaria noturna. Jesus
pede para que a pescaria continue, mas que se mude o lado, jogando a rede à
direita. Talvez em um primeiro momento, desconfiassem daquele estranho pedido,
já que tinham em Pedro, um experimentado homem de ofício. Mas atenderam o
pedido. Jogaram as redes. E qual não foi a surpresa, que pegaram uma grande
quantidade de peixes, nem conseguiam puxar as redes direito. Temos aí uma
alusão as narrativas do Lucas, 5 4-10, da pesca milagrosa, de João 2, 6, das
Bodas de Caná, como também em João 6, 11. Nesse ínterim da narrativa, João
disse a Pedro que era o Senhor. O segundo estava totalmente desnudo, vestiu
prontamente a túnica e lançou-se ao mar. E vieram com ele os outros. Jesus
solicitou que trouxessem alguns peixes. E Pedro puxou a rede. O primeiro
aspecto é que eram peixes grandes. O segundo aspecto que a quantidade era 153.
Algumas análises sobre esse número. Número triangular que significa a soma de 1
a 17.17 é a soma de 10 (mandamentos / multidão) + 7 (Deus / perfeição /
totalidade). São Jerônimo, o primeiro tradutor das Sagradas Escrituras afirma
que 153 eram as espécies de peixes conhecidas naquele tempo, representando
também todos os homens de todos os tempos e lugares. O terceiro aspecto, não
menos importante, é o fato da rede não ter rompido, não obstante a grande
quantidade de peixes grandes que haviam na rede. Significa a união dos homens
em torno de Cristo Jesus, ainda que na história, não faltem as divisões. Jesus
chama a todos, vinde e comam! Ninguém tinha a coragem de perguntar se era Ele. Já
não haviam dúvidas. Estavam diante do indubitável, do fato vivo. Já tinham
reconhecido. Jesus toma o pão e o peixe e os distribuem a eles. Esse trecho também faz alusão à Lucas 24,
41-43, da refeição pós-pascal. Apresentam-se algumas diferenças. No segundo, há
a presença do vinho, que na escritura, significa a vida. No primeiro, não
aparece o vinho, mas o peixe, uma porque estão no contexto de mar, outra porque
peixe representam os seguidores de Jesus. Nas perseguições, quando os cristãos queriam
comunicar que estavam por ali, desenhavam a figura de peixe. O próprio Senhor
já havia proferido que o senhor não era mais do que os serventes. Os últimos
passariam por ocasiões parecidas em relação ao seu Mestre. Esse relato trata da
terceira manifestação de Jesus aos seus discípulos, conforme João.
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