terça-feira, 21 de abril de 2020

Análise do texto de Jo 21, 1-14



Tal trecho é precedido por dois relatos significativos. O primeiro relato encontra-se no mesmo evangelho, capítulo 20, versículos 24 a 28, cuja narrativa central é o encontro de Tomé com Jesus. Os discípulos testemunham que viram o Senhor, mas Tomé resiste em acreditar. Passado 8 dias, Jesus manifesta-se, saúda a todos com a paz, dirige-se a Tomé, e diz para que ele o toque. Tomé vê, toca e crê. Acredita da transcendência de Jesus. Tomé foi materialista e racional até demais, mas quem de nós também não seria? Mas, cabe o aviso do Mestre que felizes são os que não viram, mas creram.  O segundo relato localiza-se no mesmo evangelho, capítulo 20, versículos 30 a 31, cujo núcleo são os diversos sinais realizados por Jesus que não foram descrito nas escrituras. O evangelista garante que todas as intervenções e fatos relatados seriam o suficiente para o despertar da fé e a vida no nome de Jesus. Logo após, vem o texto em questão, que trata da manifestação de Jesus ressuscitado aos discípulos no Mar de Tiberíades. Jesus já tinha se manifestado outras vezes para diversas pessoas. Estavam por ali Simão Pedro, Tomé Dídimo, Natanael, filhos de Zebedeu e outros dois de seus discípulos. Em um determinado momento, Pedro resolveu pescar, bateu a saudade da antiga profissão de pescador, fazendo os outros irem com ele. A liderança de Pedro era algo natural, não imposta ou fruto de técnicas retóricas, pois era simples com requintes de rudeza. Passaram toda a noite não tiveram êxito na jornada, para a decepção de Pedro, que era um pescador nato, profissional. Logo de manhã, Jesus aparece, estava em terra firme, mas ninguém reparou que era ele. O mesmo pergunta se tinham algum peixe. Mas os discípulos comentam do fracasso da tentativa da pescaria noturna. Jesus pede para que a pescaria continue, mas que se mude o lado, jogando a rede à direita. Talvez em um primeiro momento, desconfiassem daquele estranho pedido, já que tinham em Pedro, um experimentado homem de ofício. Mas atenderam o pedido. Jogaram as redes. E qual não foi a surpresa, que pegaram uma grande quantidade de peixes, nem conseguiam puxar as redes direito. Temos aí uma alusão as narrativas do Lucas, 5 4-10, da pesca milagrosa, de João 2, 6, das Bodas de Caná, como também em João 6, 11. Nesse ínterim da narrativa, João disse a Pedro que era o Senhor. O segundo estava totalmente desnudo, vestiu prontamente a túnica e lançou-se ao mar. E vieram com ele os outros. Jesus solicitou que trouxessem alguns peixes. E Pedro puxou a rede. O primeiro aspecto é que eram peixes grandes. O segundo aspecto que a quantidade era 153. Algumas análises sobre esse número. Número triangular que significa a soma de 1 a 17.17 é a soma de 10 (mandamentos / multidão) + 7 (Deus / perfeição / totalidade). São Jerônimo, o primeiro tradutor das Sagradas Escrituras afirma que 153 eram as espécies de peixes conhecidas naquele tempo, representando também todos os homens de todos os tempos e lugares. O terceiro aspecto, não menos importante, é o fato da rede não ter rompido, não obstante a grande quantidade de peixes grandes que haviam na rede. Significa a união dos homens em torno de Cristo Jesus, ainda que na história, não faltem as divisões. Jesus chama a todos, vinde e comam! Ninguém tinha a coragem de perguntar se era Ele. Já não haviam dúvidas. Estavam diante do indubitável, do fato vivo. Já tinham reconhecido. Jesus toma o pão e o peixe e os distribuem a eles. Esse trecho também faz alusão à Lucas 24, 41-43, da refeição pós-pascal. Apresentam-se algumas diferenças. No segundo, há a presença do vinho, que na escritura, significa a vida. No primeiro, não aparece o vinho, mas o peixe, uma porque estão no contexto de mar, outra porque peixe representam os seguidores de Jesus. Nas perseguições, quando os cristãos queriam comunicar que estavam por ali, desenhavam a figura de peixe. O próprio Senhor já havia proferido que o senhor não era mais do que os serventes. Os últimos passariam por ocasiões parecidas em relação ao seu Mestre. Esse relato trata da terceira manifestação de Jesus aos seus discípulos, conforme João.  

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