O texto trata sobre o relato de dois discípulos que
partiam para Emaús, um povoado um pouco longe de Jerusalém. Enquanto
caminhavam, conversavam sobre os últimos acontecimentos, a trajetória de Jesus
e sua paixão. De repente, Jesus aparece, aproxima-se e caminha com eles. Em um
primeiro momento, não notaram a sua aproximação e mais ainda: que alguém
caminhava com eles. Estavam com os olhos vendados, não enxergaram a presença de
Jesus. Estavam entretidos na narrativa dos últimos acontecimentos da vida de
Jesus. Jesus toma a iniciativa da palavra e pergunta sobre o assunto que eles
tratavam, tendo percebido suas fisionomias sombrias e tristes. Cleófas responde se ele seria um estrangeiro
que desconheceria a sucessão de fatos ocorridos naqueles dias. Jesus paga para
ver e diz que não sabia. O viajante narra que tinha existido um profeta
poderoso em palavras e em obras diante de Deus e dos homens, que era Jesus.
Este foi entregue aos sumos sacerdotes para ser crucificado e morto. O povo
tinha uma expectativa de que Ele fosse um messias político, um salvador da
pátria que os livrassem das garras das autoridades romanas e judaicas. Passaram
três dias e nada da ressurreição anunciada por ele. As mulheres que foram ao
túmulo não encontraram seu corpo. Os homens verificaram o lugar e também não
constataram seu corpo e nem viram Ele, certificando o relato feminino. Jesus os
critica severamente, chamando-os de Insensatos e lentos de coração. Que era
nuclear essa passagem, os sofrimentos, indiferenças, escárnios, zombarias,
ultrajes, traições para chegar a glória de seu Pai. Jesus ressignifica a
escritura desde Moisés, os profetas, nos pontos que convergiam para Ele. O
Vétero Testamento tomado de forma literal, isolada, gera as maiores
deformidades e equívocos. Ele ganha um novo sentido a partir do Novo
Testamento, a partir da trajetória e vida de Jesus. Ele é a chave hermenêutica de
leitura. Jesus fez que ia passar adiante e deixar eles no caminho, mas eles o
interpela: Permanece conosco, é tarde e a noite já vem. A narrativa atesta que
Jesus ficou com eles. Atendeu o pedido. Deus tomou a primeira iniciativa de ir
ao encontro do homem. É tarefa dos homens irem ao encontro de Deus, ainda que
sejam incompletos e insuficientes. O amor não se bastou a si mesmo. O amor quis
ir ao encontro do amado. O amado, completo, refeito por esse amor, permanece
nesse amor. Jesus abençoa o pão, reparte e distribui. Ao proceder isso, Jesus
desaparece diante deles. A ficha dos viajantes cai, reconhecem Àquele que tanto
sinais fez. Até o coração deles se tornava brasa nos relatos, na memória que
fazia. Eis que levantaram e rumaram à Jerusalém para contar aos seus companheiros
que a ressurreição de Jesus é fato. Eles tiveram o contato com esse vivo
acontecimento, era prova inconteste, indubitável. Jesus que tinha se
manifestado à Simão. Creram também em seu testemunho. Muitos não creram no
testemunho daqueles que tiveram contato com esse vivo fato. O texto nos deixa
dois elementos importantes: é fundamental ser testemunha desse fato e
igualmente importante dar credito ao testemunho de muitos que tiveram acesso a
esse fato. Ser testemunha para testemunhar. Quem não foi testemunha, não pode
nada testemunhar. Quem diz ser testemunha de apenas relatos, de um “ouvir dizer”,
pode até perseverar por certo tempo, mas se cansará e jogará “tudo pro alto”.
Não teria o profundo significado para prosseguir para além dos sabores e dissabores
da existência.
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