segunda-feira, 20 de abril de 2020

Análise do texto de Lc 24, 13-35



O texto trata sobre o relato de dois discípulos que partiam para Emaús, um povoado um pouco longe de Jerusalém. Enquanto caminhavam, conversavam sobre os últimos acontecimentos, a trajetória de Jesus e sua paixão. De repente, Jesus aparece, aproxima-se e caminha com eles. Em um primeiro momento, não notaram a sua aproximação e mais ainda: que alguém caminhava com eles. Estavam com os olhos vendados, não enxergaram a presença de Jesus. Estavam entretidos na narrativa dos últimos acontecimentos da vida de Jesus. Jesus toma a iniciativa da palavra e pergunta sobre o assunto que eles tratavam, tendo percebido suas fisionomias sombrias e tristes. Cleófas responde se ele seria um estrangeiro que desconheceria a sucessão de fatos ocorridos naqueles dias. Jesus paga para ver e diz que não sabia. O viajante narra que tinha existido um profeta poderoso em palavras e em obras diante de Deus e dos homens, que era Jesus. Este foi entregue aos sumos sacerdotes para ser crucificado e morto. O povo tinha uma expectativa de que Ele fosse um messias político, um salvador da pátria que os livrassem das garras das autoridades romanas e judaicas. Passaram três dias e nada da ressurreição anunciada por ele. As mulheres que foram ao túmulo não encontraram seu corpo. Os homens verificaram o lugar e também não constataram seu corpo e nem viram Ele, certificando o relato feminino. Jesus os critica severamente, chamando-os de Insensatos e lentos de coração. Que era nuclear essa passagem, os sofrimentos, indiferenças, escárnios, zombarias, ultrajes, traições para chegar a glória de seu Pai. Jesus ressignifica a escritura desde Moisés, os profetas, nos pontos que convergiam para Ele. O Vétero Testamento tomado de forma literal, isolada, gera as maiores deformidades e equívocos. Ele ganha um novo sentido a partir do Novo Testamento, a partir da trajetória e vida de Jesus. Ele é a chave hermenêutica de leitura. Jesus fez que ia passar adiante e deixar eles no caminho, mas eles o interpela: Permanece conosco, é tarde e a noite já vem. A narrativa atesta que Jesus ficou com eles. Atendeu o pedido. Deus tomou a primeira iniciativa de ir ao encontro do homem. É tarefa dos homens irem ao encontro de Deus, ainda que sejam incompletos e insuficientes. O amor não se bastou a si mesmo. O amor quis ir ao encontro do amado. O amado, completo, refeito por esse amor, permanece nesse amor. Jesus abençoa o pão, reparte e distribui. Ao proceder isso, Jesus desaparece diante deles. A ficha dos viajantes cai, reconhecem Àquele que tanto sinais fez. Até o coração deles se tornava brasa nos relatos, na memória que fazia. Eis que levantaram e rumaram à Jerusalém para contar aos seus companheiros que a ressurreição de Jesus é fato. Eles tiveram o contato com esse vivo acontecimento, era prova inconteste, indubitável. Jesus que tinha se manifestado à Simão. Creram também em seu testemunho. Muitos não creram no testemunho daqueles que tiveram contato com esse vivo fato. O texto nos deixa dois elementos importantes: é fundamental ser testemunha desse fato e igualmente importante dar credito ao testemunho de muitos que tiveram acesso a esse fato. Ser testemunha para testemunhar. Quem não foi testemunha, não pode nada testemunhar. Quem diz ser testemunha de apenas relatos, de um “ouvir dizer”, pode até perseverar por certo tempo, mas se cansará e jogará “tudo pro alto”. Não teria o profundo significado para prosseguir para além dos sabores e dissabores da existência.

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