Minha infância, velha infância, os Tribalistas, já havia me avisado. Nem sempre é preciso levar a vida a sério, mas brincar é uma coisa séria. Quanto mais perto do lúdico, do inocente, daquilo que se faz sem cálculos, mas perto está do ser criança. Mas, saudade eu tenho do colo do meu pai, do colo da minha mãe. Das vezes que voltava machucado para casa e o olhar do meu pai me recebia curando-me. Das vezes que ia à escola e contava as horas de ver a minha mãe. Tramas da vida, dom de Deus e revelação da eternidade para uma criança aprisionada em minha forma adulta. Voltar aos bons tempos de não ver a hora passar com os amiguinhos, dar aquele beijo sem culpa na menina mais bonita do bairro. Empinar pipa vendo o teatro do céu mostrar que a tarde já se mistura com a noite. Dançar sem medo de se achar ridículo ou que me achem ridículo. Voar sem pressa de regressar ao meu solo, estar absorvido pela aventura da viagem que me retira do alvo da temporalidade. Queria estar submerso no universo humano, tanto quanto estive inundado ao brincar com aquele carrinho. Ah, saudade dos meus amiguinhos. A lágrima que agora caí vale toda a intensidade daquele momento que se passou e nunca mais regressará... O tempo que vivi está eternizado no coração, e esse mesmo tempo já não toca minhas íntimas lembranças. A criança sonha o tempo todo para ser adulto, para quando chegar, sonhar para voltar à mística de ser criança de novo. Entre a alma de adulto e o ser criança, há um longo caminho a se percorrer.
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