quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Credo quia absurdum!

Creio porque é absurdo! Esse era o mote dos pensadores no medievo, na Idade Média. A frase Credo quia absurdum é atribuída à Tertuliano, mas há sérias controvérsias. Há fontes que garantem que a frase não é de autoria de Tertuliano, mas de um de seus seguidores, mas até essa tese é questionável. O importante é ter em mente que nesse período entre séc. II e III, não havia nenhuma compatibilidade entre a fé, a razão e a cultura vigente. Ou o discurso se dirigia pela via da fé, do absurdo, ou o discurso se dirigia pela via da razão, sem maiores possibilidades de conciliação entre ambas. Em Fragmentos Filosóficos, Kiekegaard afirma que:" O escândalo está, pois, fora do paradoxo e por que causa? Quia absurdum. No entanto, a descoberta não é por causa da inteligência, já que, ao contrário, devemo-la ao paradoxo, que, apesar disso, recebe testemunho do escândalo. A inteligência diz que o paradoxo é o absurdo, porém ele não é senão um paradoxo, porque o paradoxo é sempre um paradoxo, um quia absurdum. O escândalo se encontra fora do paradoxo e conserva para si o verossímil, enquanto o paradoxo é o cume do inverossímil." Tirando o absurdo e o paradoxo, pouca coisa resta da fé e também da religião cristã. Tirando o absurdo e o paradoxo, iguala-se Deus e o homem, a mensagem se torna trivial e sem sal. Um exemplo? Abraão. Deus o convocou a sacrificar seu filho Isaac. No momento de desferir o golpe mortal, o anjo o impediu. O sacrifício já não era mais necessário e sim a prova de amor, o mergulho no tsunami da fé. Quem é capaz do martírio, do despojamento daquilo que considera de mais precioso nesse mundo, esse prova e justifica a fé e o amor ao Sagrado. Maria, que concebeu Cristo Deus em seu ventre. Diante da ousada proposta do arcanjo, sua fé inteligente questionou como se daria isso sem a intervenção humana? O arcanjo responde tranquilamente que a intervenção humana é o seu próprio sim, para que Deus realizasse, talvez, o maior de todos os absurdos possíveis: a encarnação de Deus no tempo. Em decorrência disso, surge outro gigantesco absurdo: O Deus humano se entregar aos homens por seus próprios pecados. Eleva os olhos ao Pai e grita que se possível que afaste o cálice de amargura e de fel que haveria de beber. Não foi impunemente: derramou seu sangue na cruz. O outro absurdo, um dos maiores, é que ressuscitou e vive entre nós, e que sua ressureição dura há mais de 2000 anos, bem mais do que todo o sofrimento que Ele passou. A vida seria sem graça sem os absurdos e paradoxos. Credo quia absurdum, amém!

Nenhum comentário:

Postar um comentário