domingo, 26 de dezembro de 2010
Roberto Carlos, o rei das canções de amor
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Natal, festa da humanidade
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Para o ano novo, uma pessoa nova
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Seguir a natureza: um café com Epicuro, Sêneca e Horácio
A questão que perpassa o pensamento de Sêneca é seguir a natureza. Há duas escolas que duelam nesta questão, a saber: o epicurismo e o estoicismo. A vertente epicurista prega que o seguir a natureza, corresponde a dar asas aos instintos e as paixões humanas. A vertente estóica versa por preconizar que o seguir a natureza é, antes de tudo, desenvolver e aperfeiçoar a parte mais nobre do homem: a razão. As duas teses são diametralmente opostas: uma enfatiza que se deve dar vazão aos instintos, e a outra, anuncia que a razão é o principal elemento do seguir a natureza. Vejamos. O homem ocupado tem as características de se apegar ao amanhã, e se esquecer do hoje, como também de se encher de diversas atividades e passatempos que o impeçam o se debruçar sobre a sua própria existência e refletir. Por não viver o presente, ele cria inúmeras expectativas e projeções irreais e falsas acerca do futuro. Neste aspecto, sua vida se torna breve, não em sentido cronológico, mas no sentido da intensidade de viver. E por estar enclausurado nas efemeridades do tempo, cada vez mais se aproxima do particular, distanciando-se do universal. Ao contrário, o homem livre possui as características de estar absorvido inteiramente pelo seu presente. No homem livre, não há carência e nem excesso de tempo: cada momento é uma oportunidade de se aperfeiçoar e ser melhor. Horácio, poeta grego e contemporâneo de Sêneca I a.C, em seu poema Ode (I, XI) afirma: “Tu não procures, conhecer não deves, o fim que a mim, A ti concederam os deuses, ó Leucone, nem experimentes os números babilônicos. Melhor sofrer o que quer que seja! Seja muitos invernos, seja o último que Júpiter te concedeu, e que agora o mar Tirreno quebra contra os rochedos, sejas sabia, filtre os vinhos, e pelo curto espaço de tempo suprimas qualquer longa esperança. Enquanto falamos, o tempo invejoso foge: aproveita o dia, (carpem diem) muito pouco crédula no que virá.” Eis aqui o trecho do famoso trecho do carpem diem, cuja tradução mais aproximada é a do colher o dia. A preocupação horaciana é no sentido de que o hoje tem a necessidade de ser vivido intensamente, sem maiores apegos no que virá no dia de amanhã e de que os homens possuem a estranha tendência de informarem sobre o que virá e sobre qual seja o seu fim. Assim se encontram fazendo planejamentos minuciosos e calculistas, debruçando-se somente sobre o que virá, e, portanto, dando as costas ao seu tempo presente. Já que o passado é conhecido do homem, o já foi, e o presente, de certa forma, já ser conhecido, o amanhã causa medo e pavor, pois é uma fronteira desconhecida para o homem. E para se precaver e cercar-se de cuidados, às vezes de perigos imaginários e até ilusórios, ele apega-se às coisas materiais, bem como a acumulação de riquezas e esquece-se de colher o dia, que generoso a eles se oferece. Há uma inversão de finalidades: o indivíduo lembra que é preciso se atentar ao que virá, dando às costas para o seu presente, fazendo com que a memória daquilo que será passado seja a pior possível. Com isso, a sua verdade não é a de viver a vida de maneira significativa, mas tão somente de passar o tempo, e de simplesmente existir. O grande êxito do homem livre é que ele utiliza a meditação em seu próprio benefício, refletindo sobre as boas e más coisas que ocorreram, para fazer com que o bem que fez continue e que o mal que causou ele não mais cometa. Neste sentido, o homem livre afasta-se do particular, das efemeridades do tempo, e se aproxima cada vez mais da estrada da eternidade. terça-feira, 16 de novembro de 2010
Debulhando "A lista" de Oswaldo Montenegro
Se você fizer uma lista dos seus melhores amigos, esta lista consegue chegar à 10 pessoas? 5 pessoas? Lembre-se de quantas pessoas já passaram na tua vida, na tua existência e quantas que ficaram. Amigos de infância, amigos do bairro, amigos do colégio, amigos da faculdade, quantos restaram? Quanto ainda restará? O duro é ter que constatar o prazo de validade das relações, da amizade. A composição “A lista” de Oswaldo Montenegro tocou o meu coração. Nesta canção se desvela uma amarga verdade: nem todos os que nos prometeram amizade e amor são os que realmente ficam. Que por mais que queiramos nos cercar de verdadeiras relações e amizades, às vezes, fazemos muito pouco para preservar, cultivar uma relação. É que pessoas e relações também são sementes, flores e frutos: precisam ser cultivadas, precisam serem cuidadas. Há tantas formas de dizer que amo alguém, sem recair no calabouço do conceito. Há infinitas formas de dizer que te quero bem, sem que com isso eu possa banalizar tal ato. A intensidade de querer bem não se esgota a palavra; antes, a palavra é uma seta que aponta para esse bem. Palavra que é palavra não se encerra em si mesma; tem o dom de tocar o coração, de trazer leveza, e de transformar a terra seca
segunda-feira, 1 de novembro de 2010
Ou vai 'dilmavez' ou racha 'dilmavez'
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
É verdade que Política e Religião não se discutem ?
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Vida longa ao rei Pelé
quinta-feira, 14 de outubro de 2010
Amor gasoso
Mártir subjetivo
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
Um abraço
segunda-feira, 11 de outubro de 2010
Sombras nos tempos novos do cenário político
A minha infância
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Aos [des] compositores
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
Cortesia em perigo
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Credo quia absurdum!
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
A natureza, o vão e o amor
Entre a crítica e o elogio
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
Palavra agonizante
Viver para conviver, existir para coexistir
Não tenho pressa de escrever. Não tenho pressa de doer, de passar pelas dores da palavra nascente da solidão silenciosa. O conteúdo daquilo que escrevo vem da vida, e o material que ela me fornece é infinito. Mas sempre quero o fim e não o processo. Chego ao fim, mas nem um pouco parecido com aquilo que idealizei. Chego a conclusão de que fui mais feliz no desenvolvimento da rota do que propriamente em sua finalidade e chegada. Ignoro, então, a finalidade da estrada? Tolice. Digo que há um sentimento próprio no preparativo, que não há na chegada, e vice-versa. Trago romantismos que merecem serem expurgados com o impacto da vida real, outros levo para que essa vida não seja tão pesada quanto parece ser. Palavra nasce na dor, nasce no parto, vicejante de silêncio. Meu argumento é a vida e é isso que o torna imbatível e irrefutável. Nada mais urgente do que viver para poder conviver, existir para poder coexistir. Preciso de você para conviver e preciso de você para coexistir, mesmo na diferença. A única pressa que urge é a de não ter pressa, para vivenciar, saborear a boa compania, o bom livro, a boa música, a boa arte. O silêncio gesta palavras e canções, inebria corações sedentos de amor. Que eu nunca me omita de falar sobre o humano e suas contradições, seus amores e suas dores, seus dilemas e certezas, sua fé e sua descrença.segunda-feira, 19 de julho de 2010
Amizade em Cícero

No universo grego, amizade equivalia mais a uma solidariedade política do que relação afetuosa entre pessoas. Para Cícero, a amizade reúne em si mesma uma abundância de bens; para onde for, você a encontra; em parte nenhuma ela é excluída, jamais é inoportuna, nunca é incômoda, de maneira que não nos servimos tanto da água, nem do fogo, quanto da amizade. Cícero enumera 12 regras básicas para a amizade, que foram concebidas no contexto de desavenças civis que impunham opções existências. São elas:
1-) A amizade é um fato natural
2-) A amizade pode existir somente entre sábios-virtuosos
3-) A amizade é superior ao parentesco
4-) A amizade é gerada (e preservada) pela virtude
5-) A amizade ilumina e alegra o futuro
6-) A amizade não é fundada nem no prazer nem na utilidade, mas no amor
7-) Aos amigos não é permitido pedir favores contra a moral
8-) Com os amigos deve haver “comunhão de cada coisa, de pensamentos e de vontades, sem qualquer restrição”
9-) Ao fazer amizade é preciso prestar muita atenção de modo que “não comecemos a amar alguém que um dia talvez cheguemos a odiar”
10-) Mas, se por qualquer infeliz e inevitável motivo, fosse preciso desfazer as amizades, então devem ser dissolvidas “soltando pouco a pouco as relações.”
11-) A amizade se funda na verdade, por isso, entre amigos são de dever admoestações e repreensões
12-) A força da amizade “consiste nisso, fazer com que muitas almas se tornem quase uma alma”.
quinta-feira, 15 de julho de 2010
O prazo de validade das relações contratuais humanas

Sou um ser em constante busca. Na busca me encontro, me conheço, me reconheço, na busca também me perco e desisto. Insisto com coisas, circunstâncias, pessoas, amigos, desisto de coisas, momentos e pessoas. Ora insisto comigo, outrora me demito. Contrato-me novamente. Assim também faço com as pessoas: busco, encontro, conheço, aprofundo, amo, odeio, fico perto, fico longe, sinto saudade, sinto sufoco, sinto alegria, sinto tristeza, choro não sei de quê e nem por que. Demito pessoas, contrato indivíduos. Minhas relações mais parecem contratos com prazo de validade a vencer. Renovo se me convém, descarto se não posso tirar mais nada dali. Vivo avaliando quem me interessa, até mesmo quem não me convém. Estabeleço tábuas de valores para coisas e pessoas a partir daquilo que elas podem me oferecer e acrescentar. Até digo que isso é ter princípios, que é ter berço, que é ter educação. Digo até mesmo que as religiões ensinaram isso. É a famosa lei de Gerson que preconiza que de tudo é preciso tirar vantagem. O prazo de validade das relações perdura de acordo com as possibilidades de cada qual. Todos nós somos culpados, até mesmo quem vos escreve. Em tempo de Brunos, de Macarrões, Bolas, Elizas, é tempo de repensar as relações que queremos para nós. Amigos gratuitos ou úteis... Namoros de fins estéticos ou de corpo, alma e coração... Casamentos fabricados com pensões já previamente determinadas ou daqueles que uma vida ainda é pouco para serem felizes e viverem tudo o que é intenso nessa vida. Relações como estas estão na ponta da caneta, mas longe do coração!
quinta-feira, 1 de julho de 2010
Angústia: um passo para o suicídio, um passo para a realização
Angustia-me querer ser alguém. Angustia-me o fato de que não sou aquilo que gostaria. Entre o que fui, o que sou e o que serei há uma linha coerente que interliga passado, presente e futuro. Estou inteiramente tecido nesta costura existencial. Mas essa linha coerente da existência é descontínua, muito semelhante a dinâmica da respiração e das batidas do coração. Intervalos fortes e brandos que vão se sucedendo e que se renovam sem deixar de se enternecer. Sou tecido de possibilidades reais e possibilidades potenciais, consolidação daquilo que foi possível, que ainda não passa se uma mera possibilidade. Entre a presença e a ausência do ser, emerge a angústia. Escolhas, hesitações e indecisões fizeram com que eu fosse o que fosse para ser o que posso ser. Que escolhas são escolhas, isso é evidente. Mas que hesitações e indecisões também são maneiras de escolher, isso já não é tão claro. Kierkegaard dizia que a angústia surge das possibilidades. A escolha é escolher uma coisa e negar a outra. Traz uma dialética do que se escolheu e daquilo que se rejeitou. Na indecisão, de certa, maneira, opto pela paralisia no processo de escolher. Sou a escolha que faço, que traz em seu contrário aquilo que rechaço. Escolho da mesma maneira de como sou escolhido. Angustio-me ao escolher, angustio-me ao ser escolhido. Não se escapa da existência sem passar pela angústia. Por isso é que muitos chegam ao suicídio, pois não souberam lidar com a angústia. Quando muitos optaram pelo suicídio, fizeram por escolha e também por fuga de outras escolhas, dilemas sempre presentes. Isso é angústia ao quadrado. O deserto da angústia é um evento universalizante. É seguir escolhendo, passando por angústias, mas escolhendo autenticamente o que vale a pena na vida. Talvez, uma brecha para pensar a realização humana esteja diante de nós.segunda-feira, 28 de junho de 2010
Solidão digital

quinta-feira, 10 de junho de 2010
Orlando Fedeli, o professor apologista da fé e crítico da modernidade

terça-feira, 8 de junho de 2010
E o apartheid ainda não cessou...
Uma copa do mundo não demonstra somente aspectos relacionados ao futebol, mas revela ao mundo as peculiaridades da cultura do país-sede. No caso da África do Sul, olhando suas páginas históricas, como não se deparar com o Apartheid? O Apartheid, que na língua africâner significa "separação", representa uma história de segregação entre "brancos" e "negros". Uma política de segregação racial que foi implementada como lei. Os negros, que representavam cerca de 70% da população nativa, eram proibidos de votar, eram preteridos de inúmeros empregos. O poder estava nas mãos dos "brancos", 30% da população nativa, que detinham muitos privilégios em detrimento da maioria da população local. Dentre as diversas proibições que o Apartheid asseverava, estava a proibição de casamentos entre negros e não-negros, imposição da declaração racial como "negro", "branco" ou "mestiço", proibição de pessoas de "raças diferentes" de frequentarem as mesmas instituições públicas, retaliações na educação das crianças "negras", criação de 'pátrias' para os negros. O que está por trás dessa idéia de segregação do Apartheid é a falsa concepção da superioridade das raças, tema muito ligado à idéia de raça pura, ariana do nazi-fascismo europeu, no intervalo entre a 1º e a 2º guerra mundial. Como no nazi-fascismo, muitas vidas tombaram, muito sangue foi derramado para que enfim, se chegasse ao fim. Como de toda luta, sempre há um lider que encarna o espírito de resistência, surge Nelson Mandela, que tinha sido condenado à prisão perpétua por se posicionar contra a política de segregação racional. Em 1973, as Nações Unidas lança o texto de supressão ao crime do Apartheid, condenando toda e quaisquer políticas que fomentem a segregação racial. Em 1976 ganha força, mas somente com a eleição de Mandela em 1994 que o Apartheid oficial chega a um termo, onde a constituição foi totalmente reformulada. Mas não há como negar que essa política segregacional deixou marcas profundas na sociedade e na cultura sul-africana. Para se ter uma vaga idéia sobre a problemática, ainda é muito delicado falar abertamente sobre o tema no páis. Ainda há muitas ilhas de apartheid. Na vida prática e no sub-mundo da cultura, há ainda inúmeras situações de preconceito, discriminação e racismo, mesmo que hoje, os "negros" tenham chegado ao poder. E os conceitos de preconceito, discriminação e racismo são distintos, mas ligados ainda à infeliz raiz da raça pura. No mundo inteiro há vários apartheid's, como no Brasil, a escravidão informal anda solta pelos recônditos de nossa terra tupiniquim. Só o fato da copa ser em terra sul-africana, já é uma conquista relevante para a consolidação da abolição definitiva do apartheid. Que a copa na África do Sul, ainda que esse motivo possa ser raso e superficial, possa ser causa de verdadeira transformação social, cultural. E, na verdade, já está havendo uma transformação progressiva, pelo andar progressivo da história e a atual orientação política sul-africana. Somado a esse esporte, que já uniu tantas vezes a tantas nações diferentes, acho que podemos ter ainda mais mudanças. Mas, ainda há muito o que fazer, e informalmente, o apartheid ainda não cessou...sexta-feira, 4 de junho de 2010
Um na África no Sul, outro em Brasília

quarta-feira, 2 de junho de 2010
Diagnóstico de época da Filosofia

domingo, 16 de maio de 2010
Meu primeiro violão

sexta-feira, 14 de maio de 2010
As imbricações entre consciência e linguagem em Nietzsche

quinta-feira, 13 de maio de 2010
Passo inteiro, olhar agudo

segunda-feira, 3 de maio de 2010
Confissões pós-modernas em versos de melancolia
Da competição à leveza nas relações

quinta-feira, 22 de abril de 2010
Malandragens, resistências e sabotagens no ambiente empresarial
Na implantação de sistemas ERP (Enterprise Resource Planning), Sistemas Integrados de Gestão Empresarial é uma integração das áreas de finanças, contabilidade, recursos humanos, fabricação, marketing, vendas, compras com ênfase sistêmica: sistema de processamento de transações, sistemas de informações gerenciais, sistemas de apoio a decisão, há questões de diversas naturezas que precisam ser pensadas para que o ERP atinja a máxima performance e eficácia, como por exemplo, infra-estrutura tecnológica, metodologia de desenvolvimento dos trabalhos, ferramentas de suporte ao projeto, estratégia de implantação, entre outros. Porém, um ponto que pode fazer uma grande diferença neste processo são as pessoas que compõem a equipe do projeto. A equipe deve ter em comum o gosto pelo desafio que o projeto representa, a capacidade de dedicação que o trabalho exige, a habilidade de aprender rapidamente coisas novas e complexas que um software de gestão acaba de revelar e a flexibilidade para pensar em soluções diferentes das existentes atualmente na empresa. Mas quem deve participar do projeto? Se fosse possível, todos deveriam participar diretamente, afinal, o sistema em questão é um sistema integrado, portanto de alguma forma, todos serão afetados por essa nova solução. Porém, não é possível que a organização pare suas atividades para poder implementar um novo pacote de gestão empresarial. Além de ter os funcionários envolvidos no processo de implantação ERP, deve-se também trabalhar os medos e receios dessas pessoas, pois grande parte dos mesmos vem da ignorância. Na falta de informações claras sobre as mudanças que estão sendo planejadas, as pessoas criam informações e, em geral, geram as correntes pessimistas. Os esclarecimentos que se fazem necessários devem responder as questões a seguir:
• O que vou ter que mudar em mim mesmo?
• O que se supõe que eu e minha equipe passemos a fazer de modo diferente após a implantação do sistema?
• Como vai ser nosso processo de adaptação? É verdade que algumas pessoas não se adaptam? O que devo fazer para não ser uma delas?
• Considerando tudo o que me ensinaram até hoje em termos de como gerenciar, o que controlar, como me relacionar com as pessoas? O que continua válido e o que deve ser diferente?
• Se o meu trabalho desaparecer, seja porque vai passar a ser feito por pessoas espalhadas pela organização, seja pelo sistema, o que vai ser de mim?
De forma negativa haverá um impacto muito grande sobre os recursos humanos com a implantação do sistema, pois as pessoas terão de se preocupar com o processo como um todo e não apenas com a sua atividade específica. Devido a essa integração, o problema de uma área poderá ficar mais complexo rapidamente em relação aos outros departamentos, afetando assim toda a empresa. Existem casos em que o estereotipo dos funcionários será alterado, uma vez que o funcionário deverá se adaptar as mudanças e ter conhecimentos que nem sempre os atuais funcionários possuem, conhecimentos esses adquiridos através do treinamento e da cultura da multidisciplinar da organização. A empresa deverá escolher por treinar seus profissionais, ou muitas vezes demiti-los.
Esta última opção ganha força pelo fato que a partir da automação, da integração entre os processos, muitas atividades que eram realizadas manualmente ou no sistema anterior não serão mais necessárias. Muitas vezes, pode ocorrer resistência interna à adoção do ERP, originado pela desconfiança de perda de emprego ou até mesmo de poder, já que haverá maior acesso da informação.
Porém, como uma das fortes características do ERP é distribuir a informação, a produtividade pessoal cresce de forma considerável, uma vez que através de poucos clique no mouse pode-se ter acesso às informações de qualquer área da empresa, mesmo que seja de uma filial do outro lado do mundo. Como conseqüência, isto traz mais independência em relação à necessidade de informações vindas de outras partes da organização.
Ainda há uma questão muito importante a ser tratada no que se refere à resistência das próprias lideranças no projeto de implantação do ERP.
Segundo Herman F. Hehn (1999), “Cada pessoa tem em seu repertório de atuações muitas formas de resistir e impedir aquilo que ela não quer que ocorra”.
Após pesquisa realizada desse mesmo autor com várias lideranças de projetos do ERP, têm-se os seguintes argumentos de repulsa:
• Quando eles determinam que seja feito algo com que não concordo, eu cumpro os rituais, faço o que determinam ser minha obrigação, mas não repasso o entusiasmo para minha equipe.
• Não exerço minha liderança, não me manifesto; no fundo, deixo claro para minha equipe que não estou engajado naquele esforço;
• Centralizo a tomada de decisões de forma que nada ande sem a minha presença. E eu sempre que possível, não estou presente.
• Uso a técnica do jogador de Poker: escondo as coisas boas que eu tenho (informações e dados de que eles precisam) e blefo em relação aquilo que não tenho (informações que provam que, o que eles estão tentando implantar falhou em outros lugares).
• Atenho –me às dificuldades; não existe projeto em que você não possa encontrar dificuldades com as quais as pessoas ainda não sabem como lidar. Isso vai gerando insegurança ou, no mínimo, toma tempo e adia a implantação.
• Falto aos os compromissos, não estudo, não me preparo, não me interesso em conhecer o assunto.
• Quando explicam, finjo que não entendi, que o assunto não está claro, que não estão nos dando todas as informações.
• Omito a verdade. Se não me perguntam, não falo nada. Procuro agir sempre de maneira dissimulada pra ninguém perceber que estou escondendo informações.
• Priorizo o que não é prioridade e digo aos outros que, lamentavelmente não deu, mas a culpa não foi minha.
• Arranjo formas de faltar aos compromissos: viagens, chamados inesperados dos clientes, problemas no campo, vale tudo.
• Não considero as propostas impostas. Estabeleço meus próprios objetivos e trabalho neles em silencio.
• Esqueço, “fecho a cara”, mostro–me irritado. Dessa forma as pessoas ficam com medo de falar comigo.
• Articulo nos bastidores, influencio negativamente as pessoas, gero desmotivação e descrença.
As malandragens, resistências e sabotagens ao processo de implantação como se viu não tem limites e acabam por minar os esforços das pessoas determinadas em levar adiante o projeto de reorganização tecnológica da empresa.
É preciso identificar as atitudes que demonstre contrariedade ao projeto e combate – las o mais antes possível, senão o processo caminhará para um possível fracasso. É como disse Herman F. Hehn (1999) no livro Peopleware: Como trabalhar o fator humano nas implementações de sistemas integrados (ERP): “Se as lideranças da implantação de um programa de transformação não souberem perceber e trabalhar as causas desses comportamentos, as probabilidades de sucesso serão significativamente reduzidas”.
